No Dia Mundial pelo Direito à Alimentação, comemorado na terça-feira (16/10), povos de todos os países estão se manifestando para que seus governos promovam esse direito e para pedir que se respeite a soberania alimentar das populações, afetada especialmente nos últimos anos por políticas que incentivam os monocultivos do agro-negócio em detrimento da agricultura familiar. Mais de 850 milhões de pessoas são afetadas pela fome, atualmente, em todo o mundo.
Os uruguaios rodearam o Monumento ao Gaúcho, na cidade de Montevidéu, de eucaliptos e pinheiros. O ato é para simbolizar a forma como milhares deles se sentem nos campos do país todos os dias, cada vez com maiores dificuldades para produzir alimentos para a população. Nos cartazes da manifestação, pedidos de soberania alimentar e perguntas provocantes eram freqüentes: "Eu não como eucaliptos, e você?"
A população uruguaia denuncia que os monocultivos e soja transgênica, dominados pelas grandes transnacionais, prejudicam o meio ambiente, aprofundam o processo de latifundização e estrangeirização da terra. Um milhão de hectares de terras do país estão plantadas com monocultivos, que as fontes de água e o solo. Nos últimos 30 anos, desapareceram mais de 20 mil estabelecimentos rurais e 128 mil pessoas foram obrigadas a abandonar o campo. Além disso, são as transnacionais que controlam os insumos produtivos.
Em Honduras, a Aliança pela Soberania Alimentar e a Reforma Agrária em Honduras apresentará ao Congresso Nacional a "Proposta de lei por uma alimentação adequada para a população hondurenha". Hoje, também uma feira de alimentos crioulos e uma marcha integram a programação do que os movimentos chamam de "Dia Nacional sem comida estragada".
No Equador, a Mesa Agrária organiza, a partir das 18h, um Fórum com três temas: O que é soberania alimentar?; Os povos dos mangues e a soberania alimentar; e a Soberania alimentar na Nova Constituição. Ainda hoje, será apresentado o livro "A colheita perversa", sobre a debilitação da soberania alimentar do país pelas políticas de mercado. Eles querem com o debate entender que políticas, planos e programas desempenharam papel chave para que a agricultura equatoriana seja cada vez mais dependente das sementes e dos agro-químicos controlados pelas empresas.
Os salvadorenhos prepararam uma semana inteira de ações pela justiça econômica e pelo direito à alimentação, que começou na sexta-feira (12/10) e no sábado comemorou o Dia da Mulher Rural. Hoje, às 14h houve um Fórum sobre Comércio Justo e Direito à Alimentação em El Salvador, na sede da Conferência de religiosos de El Salvador (Confres).
Na Colômbia, onde também a semana toda está marcada por celebrações contra a fome, uma Feira Camponesa e Solidária, na capital Bogotá, se estende hoje até às 18h. E na quinta-feira, haverá o fórum teológico "A fome: um problema ético no novo milênio, vozes da fé!". Em Santander, as manifestações se concentraram na última sexta-feira com caminhadas ecológicas e plantio de sementes.
Uma mobilização mundial começará na tarde de 22 de outubro em Samoa, de onde uma vigília irá deslocando-se através de diferentes fusos horários por Yokohama (Japão), Yerevan (Armênia), Lusaka (Zâmbia), Bratislava (Eslováquia), Quito (Equador) e terminará em Roma. Nesta última cidade as autoridades municipais organizarão um grande evento no Coliseu.
(Adital, 16/10/2007)