Porto Alegre, RS - No sábado (13/10), Juarez Antônio Felipi Pereira, produtor de arroz, trouxe mudas do tipo cateto para ilustrar uma horta orgânica, seguindo a programação "Nossas práticas: produção ecológica", tema do segundo sábado comemorativo dos 18 anos da FAE. "A agricultura ecológica diferencia-se da agricultura química ou convencional pela valorização direta do ser humano que está envolvido no processo. O segundo ponto é o respeito pela terra, tanto no preparo quanto no cuidado da vida no solo", comenta ele. "Fortalecemos o solo para a planta ser uma resposta dessa terra boa e saudável."
 
Na propriedade, em Mariana Pimentel, além de arroz, ele cultiva quase toda a alimentação que consome. Entre os produtos estão  feijões, abóboras, morangas, melões, melancias, girassóis, milho, mandioca, batata, amendoim, hortaliças e frutas. Manejos que respeitam a característica da terra e insumos naturais permitem a recuperação do solo na agricultura orgânica. "Os insumos são sempre de assimilação lenta como pós de rocha, biofertilizantes, estercos, palha, adubação verde. O processo é lento às vezes demora-se uma década para obter-se uma resposta satisfatória" explica Juarez.
 
Segundo o produtor, uma terra nutrida, apta a dar alimento saudáveis e revitalizantes, pode ser reconhecida por alguns indicativos, como as próprias sementes que nela crescem. "Quando a terra começa a ficar generosa, as plantas possuem folhas tenras. Se o solo estiver ácido e fraco, os vegetais têm folhas duras, como o capim de folha fechada."

Outro aspecto que permite reconhecer a saúde do solo é a presença da vida no seu interior, como minhocas, a textura fofa  e a coloração que ele apresenta. Juarez destaca que os índices de produção da  agricultura orgânica são crescentes  e aumentam a cada ano: "já na agricultura convencional ocorrem picos de produção e frustrações com quebra de safras."

O produtor mudou o sistema de produção quimíco para orgânico há 13 anos, devido a uma crise de saúde e financeira. "Essa mudança trouxe um rejuvenecimento pessoal significativo. Posso dizer que rejuvenci uns dez anos por conta da reeducação alimentar, da prática orgânica e de estar longe dos fatores intoxicantes da agricultura convencional, que além dos agrotóxicos incluem as relações financeiras e comerciais, contaminantes da mesma forma."
 
Para o próximo sábado, a temática inclui "Nossos Frutos: celebração de 18 anos", com bolo de aniversário às 11h, onde as bancas pioneiras da feira estarão presentes. Os consumidores podem também participar do sorteio de cestas com os variados produtos da feira. Os sorteios acontecem em três horários, para contemplar os hábitos diversos dos seus freqüentadores, tanto dos que chegam às 7h, como dos que vêm no final da manhã. No dia 20, último da programação dos 18 anos, o tema é "Nossas Sementes: perspectivas futuras".
 
(Por Cláudia Dreier, Eco Agência, 15/10/2007)