Sete ativistas do Greenpeace estão cercados por aproximadamente 300 pessoas no município de Castelo dos Sonhos, no oeste do Pará. Dezenas de madeireiros, com oito caminhões, 10 caminhonetes e mais de 15 motos estão reunidos em frente à base do Ibama. Eles querem impedir que o grupo saia da cidade com uma tora de castanheira (Bertholletia excelsa) que está sendo transportada para uma exposição no sudeste do país.
A tora de cerca de 13 metros é parte da exposição itinerante "Aquecimento Global: Apague essa Idéia", organizada pelo Greenpeace, para aproximar a realidade da Amazônia de milhares de brasileiros que nunca tiveram a oportunidade de ver a floresta de perto. A árvore, queimada ilegalmente em terras públicas no oeste do Pará, simboliza a rápida destruição da Amazônia e seria exibida em locais de grande visitação pública em São Paulo e no Rio de Janeiro para chamar a atenção da população sobre a necessidade urgente de zerar o desmatamento na Amazônia e, assim, contribuir para reduzir as emissões brasileiras de gases que provocam o aquecimento global. Os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), já confirmaram presença quando a exposição chegar em seus estados.
O Ibama concedeu a autorização para a coleta, transporte e exposição da castanheira, por entender que se trata de um trabalho com finalidade cultural e educativa, importante para proteger a maior floresta tropical do mundo.
No início da tarde, cerca de trinta madeireiros e dois caminhões cercaram a carreta que transportava a castanheira, tão logo o grupo chegou à cidade. Os ativistas do Greenpeace conseguiram se refugiar na base do Ibama, onde se encontram protegidos por dois policiais civis, três soldados e um sargento da Polícia Militar e 12 soldados do Exército (incluindo um sargento e um tenente), além de sete agentes do Ibama. Os ativistas estão sem comida e vários caminhões estão bloqueando a saída do local. No início da noite, o tenente-coronel Dovanin Ferraz Camargo Jr., de Itaituba, informou à equipe do Greenpeace que não permitirá a permanência do grupo na base durante a noite para garantir a segurança do local.
- Esse incidente prova que a presença do Estado na região amazônica é débil e não consegue sequer garantir direitos constitucionais básicos, como a segurança e a locomoção das pessoas. Sem governança, a floresta Amazônica continua vulnerável à destruição - afirmou Marcelo Marquesini, do Greenpeace, coordenador da expedição, que está em Castelo dos Sonhos.
Há duas semanas, o Greenpeace e outras oito organizações não-governamentais apresentaram, em Brasília, um plano de sete anos para zerar o desmatamento na Amazônia.
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O Globo Online, 17/10/2007)