O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admitiu ontem, em Belo Horizonte, durante o lançamento da campanha de mobilização contra a dengue, que o país vive uma nova epidemia da doença. Classificou como 'injustificável' e 'inadmissível' o número de 121 mortes registradas nos primeiros nove meses deste ano. O alto índice, acredita Temporão, deve-se à deficiência no atendimento à forma hemorrágica.
Conforme o ministério, de janeiro a setembro, o Brasil registrou 481,3 mil casos de dengue, um aumento de quase 50% em relação ao ano passado. Desse total, 1.076 pessoas contraíram o tipo hemorrágico, principalmente nos estados de Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Maranhão. No quadro comparativo a 2006, a região Sul foi a que apresentou maior curva ascendente (828,16%), seguida por Centro-Oeste (99,95%), Norte (31,34%), Nordeste (30,43%) e Sudeste (19,81%).
Para o ministro, a situação preocupa porque é difícil combater o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, e o vírus por sua variedade de sorotipos, o que coloca obstáculos no desenvolvimento de uma vacina. Ele defendeu mobilização da população nas ações cotidianas, como eliminar locais com água parada, colocar areia nos vasos de plantas e cobrir tonéis e caixas d'água. O problema também está no agente de saúde, avaliou, que 'orienta pouco, ensina pouco'.
Temporão anunciou iniciativas como a distribuição de um caderno de atenção básica com informações sobre a dengue, voltado a equipes do Saúde da Família, e uma parceria com a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina para o envio de 300 mil CD-ROMs aos médicos. O material chama a atenção para a gravidade da doença, situação epidemiológica, sinais, sintomas e abordagem terapêutica.
A campanha contra a dengue será veiculada em emissoras de rádio e televisão de forma regionalizada, com jingles em ritmos diferentes - samba, hip-hop e forró, entre outros. Com o tema 'Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos. A dengue pode matar', irá ao ar primeiro no Sudeste e no Centro-Oeste. No Sul e no Norte, começará em 4 de novembro e terminará dia 16 de dezembro. No Nordeste irá até março de 2008.
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Correio do Povo, 17/10/2007)