Por um período de cerca de quatro anos, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, realizaram estudos sobre raízes de Eucalyptus grandis. O objetivo, segundo o professor Leonardo de Moraes Gonçalves, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq, “foi avaliar o crescimento radicular de plantações de eucaliptos, antes e após a colheita, para melhor entender os mecanismos fisiológicos de adaptação da planta ao solo e ao clima em diferentes estágios de desenvolvimento”.
O Eucalyptus grandis é uma espécie comercial usada na produção de celulose, papéis, carvão, serrarias e indústria de móveis. “Trata-se de uma planta bastante versátil”, como diz o professor. Os experimentos foram conduzidos num tipo de solo representativo de mais de 100 mil hectares, na região de Itatinga, próxima à Estação Experimental de Ciências Florestais da Esalq, distante cerca de 30 quilômetros da cidade de Botucatu.
Gonçalves conta que o crescimento radicular foi avaliado durante dois anos e meio, antes e após a colheita das árvores, aos sete anos de idade. Os cientistas colheram amostras da raiz fina da árvore, nos diferentes horizontes do solo até um metro e meio de profundidade, e as análises foram feitas em laboratórios da Esalq.
O professor destaca que a análise radicular forneceu importantes subsídios de comportamento da espécie após o corte. “As raízes finas são as que absorvem água e nutrientes, tendo uma relação direta com os índices de crescimento das árvores. Assim, pode-se entender os mecanismos de adaptação do eucalipto sob diferentes condições de estresses hídrico e nutricional durante as estações climáticas do ano."
Sistema dinâmico
Gonçalves explica que os estudos contribuem com subsídios científicos para a seleção e adaptação genética de espécies florestais, possibilitando melhor adequação da planta ao ambiente (zoneamento edafoclimático). Ou seja, recomendação de espécies florestais em zonas edafoclimáticas onde elas melhor se adaptam, o que resulta em índices mais elevados de produtividade florestal.
De acordo com o pesquisador, estudos desse tema nunca são definitivos, pois há sempre introdução de novos genótipos florestais, que precisam ser caracterizados quanto ao seu comportamento fisiológico e nutricional. Esse estudo, que faz parte da tese de doutorado do engenheiro florestal Sérgio Luís de Miranda Mello, defendida em 2007, e que foi publicada recentemente na revista científica internacional, Forest Ecology and Management – vol. 246. Segundo alguns pesquisadores nacionais e internacionais, as pesquisas realizadas são de alta relevância científico-metodológica, pois se mostraram eficientes para estudos sobre a adaptação radicular de espécies florestais às condições adversas do meio ambiente.
(Por Antonio Carlos Quinto, Agência USP de Notícias, com informações da Envolverde, 16/10/2007)