Todos os 22 suspeitos que tiveram prisão temporária decretada pela Justiça Federal no âmbito da Operação Moeda Verde, em maio, foram indiciados em inquérito entregue ontem pela delegada Júlia Vergara, responsável pela investigação que há mais de um ano apura a atuação de um suposto esquema de irregularidades na concessão de licenças ambientais na Ilha de Santa Catarina.
No entanto, alegando segredo de Justiça, a Polícia Federal não esclareceu que tipo de crime é atribuído a cada um deles. A assessora de comunicação do órgão, Ídia Assunção, informou ainda que "mais pessoas", além das 22, também constam do rol de indiciados. Porém, não divulgou o nome nem sequer o número de incriminados que se somam aos demais. A polícia não especificou por qual crime indiciou o grupo, mas que houve enquadramentos por formação de quadrilha, corrupção e falsificação de documentos.
Questionada se havia algum detentor de foro privilegiado entre os indiciados, Ídia respondeu:
- Acho que não.
A delegada Júlia Vergara não forneceu detalhes da investigação. O chefe da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Delemaph), Raimundo Lopes Barbosa, também não falou com a imprensa.
Na sede da Polícia Federal, o clima ontem era de mistério e tensão. Depois de insistir por entrevista e informações ao longo de todo o dia, repórteres conseguiram apenas autorização para fazer imagens do calhamaço de documentos que formam o inquérito.
Ao todo, são 28 volumes com relatórios e depoimentos e mais 49 caixas de documentos recolhidos durante 14 meses de investigações. Na fase de apuração policial, além dos 22 suspeitos iniciais, também foram interrogadas 86 pessoas.
Durantes os poucos minutos que ficou próxima do material, por volta das 18h, a imprensa foi acompanhada por agentes da Delemaph, que não permitiam o manuseio dos documentos. Embora a assessoria da PF tenha informado que ainda ontem parte do inquérito seria levado para a Vara Federal Ambiental, até as 19h50min isso não havia acontecido, informou o assessor da Justiça Federal, Jairo Cardoso. O expediente do órgão se encerra às 19h.
Até o início da noite, os advogados dos 22 indiciados conhecidos não haviam tido acesso às acusações que pesam sobre seus clientes, o que deve acontecer hoje.
Depois de analisar as conclusões da PF, o juiz Zenildo Bodnar deve remeter o inquérito ao Ministério Público Federal (MPF), a quem caberá elaborar a denúncia que será encaminhada à Justiça.
Como hoje Bodnar deve participar de uma inspeção judicial na Usina Hidrelétrica de Barra Grande, na Serra, o envio do inquérito ao MPF deve ser feito somente nos próximos dias.
(Por João Cavallazzi,
Diário Catarinense, 16/10/2007)