O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem (15/10) que a África deve se "unir à revolução dos biocombustíveis" para democratizar o acesso à energia, durante visita a Burkina Faso, primeira etapa de sua viagem por quatro países africanos.
"O Brasil convida Burkina Faso e toda a África a se unir à revolução dos biocombustíveis. Com os biocombustíveis poderemos democratizar o acesso à energia na África".
Lula falou para cerca de 500 pessoas reunidas no centro de conferências Uaga 2000, na localidade de Uagadugu, por ocasião do Colóquio Internacional sobre a Democracia e o Desenvolvimento na África.
"Podemos agregar uma nova fonte de energia capaz de responder às necessidades econômicas e sociais da África", disse Lula.
"O etanol e os biocombustíveis são uma alternativa energética para um planeta ameaçado pelos efeitos das mudanças climáticas (...) Podemos combater o impacto do aquecimento climático, que afeta mais os países pobres".
Segundo Lula, "no momento em que a África tomar o caminho do crescimento, o etanol e o biodiesel contribuirão para garantir sua soberania econômica".
As declarações de Lula ocorrem em um momento de grande interesse por combustíveis alternativos, mas também gera reservas, em particular na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A FAO teme que a transformação de cultivos para a produção de biocombustíveis possa trazer consigo uma alta dos preços agrícolas durante a próxima década, o que atingiria principalmente os países mais pobres.
Na semana passada, o relator da ONU para o direito à alimentação, Jean Ziegler, pediu uma moratória internacional de cinco anos na produção de biocombustíveis.
Lula, que chegou hoje a Uagadugu para assistir às celebrações do 20º aniversário do governo do presidente Blaise Compaoré, também defendeu a união dos países emergentes dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Devemos trabalhar juntos pelos camponeses", disse no país africano que é o maior produtor continental de algodão (700.000 toneladas em 2006).
Finalmente, Lula defendeu o Banco do Sul, que reúne sete países sul-americanos, entre eles o Brasil, e que tem por meta livrar a região da tutela do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
Na terça-feira, Lula viajará ao Congo, antes de seguir para África do Sul, onde assistirá à II Cúpula do Foro do Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBSA). A viagem será concluída na quinta-feira, em Angola.
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AFP, 15/10/2007)