A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou ontem (15/10) a realização de mais quatro leilões de biodiesel até o final do ano, sendo dois para garantir a mistura obrigatória de 2 por cento ao diesel no ano que vem e mais dois para misturas acima desse percentual.
Ao contrário dos cinco leilões anteriores da agência, a Petrobras não será a única compradora do produto, informou à Reuters o superintendente de Abastecimento da autarquia, Roberto Ardhenguy.
"Como agora a mistura é obrigatória, todas as distribuidoras podem participar", disse o executivo.
A ANP vai realizar uma audiência pública no dia 22 de outubro para mudar a resolução que regula os leilões de biodiesel, incluindo a obrigatoriedade da mistura e a entrada de novas compradoras no leilão.
Os dois primeiros leilões serão realizados na primeira quinzena de novembro e vão oferecer 800 milhões de litros do combustível para a mistura obrigatória. Outros dois leilões acontecerão na primeira quinzena de dezembro e visam misturas acima desse percentual.
"No segundo leilão a gente vai comprar o necessário para complementar o consumo do país, ainda estamos fazendo as contas", disse o executivo, calculando que o Brasil vai consumir mais biodiesel do que os 840 milhões de litros estimados inicialmente.
Ardhenguy disse esperar também preços mais elevados no leilão deste ano, devido à valorização do óleo de soja no mercado.
"Desde 2006 o óleo da soja subiu 30 por cento e isso será repassado aos preços do leilão", estimou.
No último leilão, realizado em fevereiro deste ano, o preço atingiu seu maior valor, de 1,92 real o litro, contra 1,86 real do primeiro leilão.
O volume adquirido nos cinco leilões já realizados pela ANP atenderam o mercado nesses últimos dois anos, explicou Ardhenguy, apesar de atrasos por variados motivos e processos administrativos abertos pela agência por falta de entrega do produto.
Atualmente, nove mil dos 30 mil postos do país já vendem biodiesel, informou o executivo, além de empresas que fazem contratos direto com as distribuidoras, como a Companhia Vale do Rio Doce e empresas de ônibus.
A Vale utiliza 20 por cento de biodiesel nas suas locomotivas, e empresas de ônibus de São Paulo e Paraná também já adotaram a mistura em boa parte das frotas.
"Uma empresa de ônibus de São Paulo coloca 30 por cento de biodiesel, 10 por cento de etanol e o restante de diesel", informou Ardhenguy.
Ele considera que problemas iniciais do programa de biodiesel, como falta de entrega no prazo e especificações irregulares já estão superados, depois de ajustes feitos pela ANP ao longo dos últimos anos.
"Houve alguns atrasos, aquela coisa do Brasil, você vai fazer uma planta e demora a conseguir licença ambiental, em outros casos as empresas tiveram problemas com especificação e nós não abrimos mão até o produtor acertar", explicou.
Segundo ele, as entregas hoje estão "praticamente regularizadas" e apenas quatro empresas estão sofrendo processo administrativo da ANP por falta de entrega, que representam cerca de 40 milhões de litros de biodiesel.
As empresas de maior porte, como Brasil Ecodiesel, Granol e Bertim, estão cumprindo todos os prazos, destacou Ardhenguy.
"Vamos fechar o ano com todas as entregas regularizadas", garantiu.
Segundo ele, o Brasil tinha 8 plantas de biodiesel em 2005 e vai fechar 2007 com 50, aumentando a capacidade de 300 milhões de litros de biodiesel para 1,6 bilhão de litros, "o dobro do necessário para atingir os 840 milhões de consumo obrigatório", finalizou.
(Por Denise Luna,
Reuters, 15/10/2007)