Porto Alegre, RS - Um relacionamento mais próximo entre membros da comunidade científica e jornalistas poderia resolver o problema, afirmou o glaciologista Jefferson Cárdia Simões, professor do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências de UFRGS, na manhã do primeiro dia (11/10) de conferências do 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental.
Segundo Simões, “a solução para essa diferença seria ampliar a participação de elementos da comunidade científica no relacionamento com a imprensa”. Ele acredita que são poucos os cientistas que possuem algum tipo de contato com a imprensa, impossibilitando uma gestão eficiente das informações acadêmicas dentro dos meios de comunicação.
Além desse fator, relativo ao método de produção dos diferentes grupos de profissionais, o cientista diz que “ainda existe um preconceito muito grande na comunidade científica brasileira e principalmente falta de treinamento para tratar com a imprensa. É importante uma iniciação científica para os jornalistas, assim como uma preparação dos cientistas para lidar com os veículos”.
Confusão de conceitosDurante a explanação, de aproximadamente dez minutos, Simões enfatizou a importância de uma interpretação exata de determinados conceitos, como efeito estufa, aquecimento global e destruição da camada de ozônio. Há, segundo ele, muita confusão envolvendo esse tipo de informação, por vezes até gerado pela mídia. No entanto, não entrou em detalhes sobre esses tópicos.
O professor da UFRGS, também o primeiro glaciólogo brasileiro, fez questão de lembrar quais são as escalas de tempo que os relatórios do IPCC (Painel Inter-Governamental Sobre Mudanças Climáticas) levam em consideração, um período de aproximadamente cem anos. O estudo analisa os processos que afetam a geração atual dos seres humanos sobre a terra até as futuras.
Ao final da apresentação, Simões adota uma posição de distanciamento no tratamento dado ao conhecimento científico, concluindo que “muitas vezes a ciência é apresentada como o mito do século XIX, mas nós temos algumas limitações e evidentemente podemos cometer erros”.
(Por Pedro Martins, Especial para a
EcoAgência, 11/10/2007)