A partir do próximo ano, a Tractebel planeja começar as obras de instalação da Seival, termelétrica a carvão que será localizada no município de Candiota. Neste mês, a empresa anunciou a operação de aquisição do capital social da Seival Participações pela Delta Energética (controlada da Tractebel) e, com isso, assumiu os direitos para desenvolver o projeto da usina gaúcha.
Conforme o presidente da Tractebel, Manoel Zaroni Torres, o preço de aquisição é R$ 24 milhões. A expectativa é de que a termelétrica inicie a geração de energia a partir de 2012. O investimento inicialmente previsto para a Seival era de US$ 500 milhões. A estrutura projetada para uma capacidade de geração de 500 MW (cerca de 14% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul) consumirá em torno de 3 milhões de toneladas de carvão ao ano.
O diretor-financeiro e de relações com investidores da Tractebel, Marc Verstraete, informa que o objetivo da companhia é vender a energia de Seival para o Uruguai. Com isso, a empresa não precisará disputar os leilões que viabilizam a comercialização no Brasil. Seival não é o único empreendimento que a Tractebel deseja desenvolver para exportar energia para o país vizinho. A TermoPampa é outro projeto de 338 MW da companhia que será instalado em Candiota. O complexo também prevê a implementação de uma linha de transmissão de energia de 120 quilômetros entre Candiota e Melo, no Uruguai. As atividades das usinas possibilitarão ainda a operação da mina do Seival, da Seival Sul Mineração, que tem reservas estimadas em 350 milhões de toneladas de carvão.
O interesse na usina Seival caracteriza uma mudança no planejamento de investimentos da Tractebel no Rio Grande do Sul. A empresa, há cerca de dois anos, se desfez dos direitos de construção da termelétrica Jacuí 1, no município de Charqueadas. A usina Jacuí 1 começou a ser construída nos anos 1980, explica Zaroni Torres, e, em função do longo tempo de paralisação das obras, seu custo aumentou, e a Tractebel estava com dificuldades para vender sua energia no mercado com preços compatíveis com os investimentos efetuados no projeto. "Já a Seival vai contar com uma tecnologia mais moderna, terá sua construção concluída em quatro ou cinco anos e fica na fronteira com o Uruguai, o que facilita a exportação", destaca o dirigente.
(Por Jefferson Klein,
JC-RS, 15/10/2007)