O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, que recebeu na sexta-feira o Prêmio Nobel da Paz, afirmou em seu quarto relatório que o planeta entra em uma "nova época climática", que poderia ser mortal, e cujos riscos muito provavelmente serão decorrentes da intervenção humana.
O jornal alemão "Welt am Sonntag" teve acesso ao relatório que será discutido em novembro em Valência, cidade espanhola anfitriã do plenário do IPCC que adotará o quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental. Segundo o documento, até 2099, a temperatura global poderia subir em até 6 graus. Nos três últimos relatórios, o IPCC, dirigido pelo indiano Rajendra Pachauri, e seus membros, cientistas, advertiram sobre os impactos ambientais e socioeconômicos do fenômeno.
O quarto e definitivo relatório do grupo, que analisa a informação científica disponível sobre a mudança climática, será debatido entre 12 e 17 de novembro e conterá dados que indicam que onze dos últimos doze anos foram os mais quentes desde que a temperatura global começou a ser medida, em 1850.
Para o IPCC, segundo o jornal, este aumento das temperaturas se deve "com grande probabilidade à crescente concentração de gases do efeito estufa, provocada pelo ser humano". Na pior das hipóteses, a temperatura poderia aumentar em 6 graus até 2099 e, mesmo se os países parassem de emitir CO2, a temperatura global subiria 0,9 grau.
O aumento do nível dos mares também será inevitável, assim como o degelo de grandes superfícies de gelo e neve do planeta, segundo este grupo de cientistas, considerados autoridades máximas no assunto e encarregados pela ONU de traçar estratégias para combater e prevenir os efeitos do aquecimento global. O IPCC afirma que, na Europa, haverá cada vez mais mortes devido ao calor, e que será necessário considerar uma maior propagação de doenças contagiosas.
No entanto, isso não deve ser motivo para resignação, indica o painel climático, que se remete ao Protocolo de Kioto como uma "responsabilidade global contra a mudança climática" que prepara o campo para "decisões nacionais", e lembra que existe o potencial econômico global para tomar medidas.
(Efe, 13/10/2007)