Porto Alegre, RS - Entre os jornalistas internacionais presentes, o moderador dos debates, Miguel Ángel De Alba, presidente da Red Mexicana de Periodistas Ambientales, mais os colegas Sharon Pringle (Panamá), Adelfa Fiallo (Cuba) e Vitor Bacchetta (Uruguai).  Os debates contaram com a presença de jornalistas brasileiros como a gaúcha Cecy Oliveira, veterana lutadora pela divulgação da grave questão da água (e sua escassez mundial).

"A crise ambiental é produto de um modelo de desenvolvimento caracterizado por um consumo de energia e de bens materiais insustentável para os recursos disponíveis e a capacidade de auto-recuperação do ecossistema Terra”. A declaração incisiva é do uruguaio Vitor Bacchetta, da Rede CALC, presente aos debates. Segundo ele, em artigo desta semana no site da rede (www.redcalc.org), “o problema central está não apenas nas fontes de energia, mas, sim, no nível de consumo”.

E seu texto conclui: “Não haverá soluções duradouras se não for modificado esse modelo. Ou seja: sem reduzir o consumo e sem mudar a noção de bem-estar. O desafio para o jornalismo ambiental é contribuir para a tomada de consciência e abrir caminho em direção a mudanças de verdade, em harmonia com o ambiente, com eqüidade e justiça social”.

O moderador dos debates, o mexicano De Alba, lembrou as dificuldades iniciais de diálogo entre pesquisadores e cientistas e os jornalistas. Havia, à época nem tão recente, um distanciamento que impedia um acesso a informações de extremo interesse público. Mas a situação vai melhorando e, agora, são os especialistas que convidam os profissionais da Imprensa para seus congressos e simpósios. Na verdade, os cientistas como que “desceram das nuvens” e os jornalistas subiram um pouco de patamar de conhecimento para que o diálogo se intensificasse e as informações chegassem, de maneira mais clara e didática, ao grande público.

É o caso concreto, no México, da questão central deste congresso: o aquecimento global vinha sendo confundido, por lá, com a questão das mudanças climáticas. Agora, à medida que os temas são abordados com maior freqüência e com maior acurácia, o grande público já compreende como as mudanças do clima variam de região para região dentro do vasto território mexicano.

Sempre houve uma certa desconfiança entre os cientistas com relação à mídia. Temiam, sobretudo, uma exposição equivocada de seus temas.. Mas, agora, quando são abordados de maneira mais competente e com alguma compreensão do tema pelos jornalistas, os pesquisadores abrem suas defesas e fornecem dados valiosos para os leitores de jornais e revistas e os ouvintes e espectadores dos meios eletrônicos de comunicação.

A Rede CALC conta, hoje, com mais de 160 jornalistas e busca melhorar o tratamento de temas ambientais na mídia latino-americana e do Caribe, fomentando o intercâmbio e a formação profissional de seus integrantes. Fundada em Porto Alegre, em junho do ano 2000, durante seminário sobre os meios de comunicação e a gestão do meio ambiente, promovido pelo Programa de Gestão Urbana da ONU e Prefeitura da Capital gaúcha, a rede realiza encontros regionais sobre temas ambientais, oficinas e conferências sobre jornalismo e comunicação ambiental, além de produzir artigos especiais sobre a temática. E de participar ativamente de eventos como este congresso brasileiro, promovido pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul.

Mais detalhes da RedCalc:
- www.redcalc.org

(Por Renato Gianuca, EcoAgencia, 11/10/2007)