Os biocombustíveis e outras energias renováveis não são concorrentes dos combustíveis fósseis. Trata-se de novas possibilidades que terão por muito tempo ainda uma relação de complementaridade com produtos como o petróleo. Esse foi o recado transmitido, na última quarta-feira, pelos palestrantes da Conferência Internacional de Energia, incluindo o presidente da portuguesa Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira.
"Biocombustíveis, hidrogênio, energia eólica ou das ondas não são ameaças para as empresas petrolíferas. Essas estão passando por um processo de transformação e vão abrir o portfólio de produtos, contribuindo com a questão ambiental", afirmou Manuel Ferreira de Oliveira, no âmbito da 2ª Enerbio, que termina hoje em Brasília.
O executivo cita o exemplo da própria empresa, que atualmente investe em frentes como o hidrogênio como fontes de energia. Para ele, a descontinuidade do foco nos combustíveis fósseis será significativa nos próximos 20 anos. "Os biocombustíveis, por exemplo, são o petróleo verde, e é assim que as empresas petrolíferas vão encará-lo", reforça.
O ministro da Energia de Moçambique, Salvador Namburete, demonstrou, inclusive, que acredita em um trabalho conjunto com a Galp no desenvolvimento de biocombustíveis. Segundo o ministro, o segmento é uma excelente oportunidade para os países africanos que, para ele, "não podem se dar ao luxo de passar mais um século em branco".
Ele citou, segundo a assessoria da Enerbio, que o continente tem elementos de sobra para investir sério nas energias limpas, a exemplo de disponibilidade de terras e recursos vegetais (como a chamada jatrofa, o pinhão manso brasileiro) que só precisam de mais investimentos para deslanchar. A parceria com outros países, em especial o Brasil é considerada fundamental nesse processo.
(Portugal Digital, 13/10/2007)