Jornalismo ambiental celebra heróis do meio ambiente na abertura do seu congresso
imprensa e meio ambiente
ambientalistas
2007-10-13
Algumas coisas interessantes escaparam à cobertura da imprensa à abertura do 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, na última quarta-feira (10/11) em Porto Alegre. A abertura foi marcada muito mais pela entusiasmada participação do conferencista da noite, o cineasta inglês Adrian Cowel, do que pelo discurso pouco envolvente e convincente dos políticos presentes. O público estimado em 500 pessoas, contava com jornalistasde países como Cuba, Equador, México, Panamá e Uruguai. Os organizadores prestaram uma homenagem ao ecologista gaúcho Augusto Carneiro, braço direito de José Lutzenberger em muitas conquistas e que do alto de seus 85 anos continua na luta em defesa do meio ambiente.
O cineasta britânico abriu sua conferência lembrando o amigo José Lutzenberger, e citou um episódio curioso ocorrido no início da décadade 80, quando viajava com o ecologista pela BR 364, no Acre: “Lutz pediu de repente pra eu parar o carro, desceu e entrou na Floresta. Depois de uns 3 minutos retornou. Quando íamos partir, ele pediu para aguardarmos uns 10 minutos. Depois da espera convidou-nos para irmos até a Floresta observar onde ele havia urinado. Chegando lá, vimos que havia muitos insetos, centenas, em sua urina. Isso provava a ausência de sal naquele ambiente".
Após a lembrança, Cowel apresentou uma síntese dos documentários realizados na Amazônia e disse ainda ter encontrado em Lutzenberger um homem corajoso, pois foi o único disposto a falar e criticar o programa de desenvolvimento na Amazônia em plena ditadura, quando o desmatamento era a política do governo.
Amigo também de Chico Mendes, o conferencista emocionou os presentes com imagens do seringueiro em momentos de confraternização com a família e amigos, pouco antes de sua morte. Em 1986 Chico foi o primeiro candidato a cargo político a defender a Amazônia. Em 1988 foi confirmada a primeira reserva extrativista pelo governo, por isso, segundo os fazendeiros, Chico tinha que morrer.
Cowel deu ainda a boa notícia de que está doando todo seu acervo de 50 anospara a Universidade Católica de Goiás. São 16 toneladas de filmes, positivos e negativos, que virão ao Brasil após minuciosa catalogação, e que atualmente estão no porão de sua casa, em Londres. Em encontro com Lara Lutzenberger, Cowel informou que doou os direitos autorais do acervo da “Década da Destruição” à Universidade Católica de Goiás com aressalva de que a Fundação Gaia deve poder veicular suas imagens sem ônus.
(Por Christian Lavich Goldschmidt*, Fundação Gaia, Texto recebido por E-mail, 11/10/2007)
*escritor e ator