Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP)
Ano: 2007
Autora: Fernanda Aparecida Leonardi
Resumo:
Este trabalho aborda de forma integrada os processos geológicos, geomorfológicos e pedológicos, no sentido de contribuir para o entendimento da evolução geomorfológica do Planalto de Poços de Caldas SP/MG. Partindo da teoria de Davis, de topos concordantes ou topos de mesma altitude, uma abordagem clássica baseada em pontos de maior altitude, propõe-se associar este procedimento com a ocorrência de perfis bauxíticos, identificando-se assim as antigas superfícies ou paleosuperfícies. Portanto, este trabalho tem como objetivo principal correlacionar as superfícies geomórficas com os perfis de alteração, no caso os perfis lateríticos-bauxíticos, utilizando estes como marcos estratigráficos. No Planalto de Poços de Caldas encontram-se três tipos de perfis bauxíticos: de Serra, de Campo e Retrabalhados. Os perfis de Serra são mais espessos que os perfis de Campo, com maior teor de alumínio e menor teor de sílica, portanto, provavelmente se formaram no topo, onde a drenagem permitiu uma maior lixiviação e concentração de alumínio. O que diferencia um perfil de Serra do de Campo é uma camada de argila existente entre a rocha e a bauxita. Esta camada de argila não possui estruturas da rocha e é bastante homogênea, enquanto, em todo o depósito encontram-se volumes com estrutura concêntrica e sistemas de fraturas preservados do material de origem. Os perfis bauxíticos Retrabalhados possuem sua origem nos perfis de Serra, pois nestes materiais é elevada a concentração de alumínio e baixo o de sílica. Ao correlacionar os perfis bauxíticos, com as prováveis superfícies geomórficas, segundo a altimetria, percebe-se que não há uma ordem, os perfis estão distribuídos aleatoriamente nas bordas e no interior da área, em diferentes patamares do relevo, especialmente a ocorrência de perfis bauxíticos de Serra posicionados em altimetrias de perfis de Campo e perfis Retrabalhados posicionados sobre perfis de Serra, acima dos 1.400 metros. O controle estrutural observado em campo, na literatura e nas cartas topográficas nos mostra zonas de falhas comuns, podendo-se associar esta descontinuidade do perfil bauxítico com essas movimentações. Uma das evidências mais claras são os padrões de drenagem que são preferencialmente controlados pelos alinhamentos estruturais que seccionam o embasamento. Muitas movimentações, provavelmente, ocorreram anteriormente à formação dos perfis bauxíticos, entretanto ocorreu uma reativação das falhas, pois se verificou que as falhas cortam os materiais associados aos Perfis de Serra, Perfis de Campo e especialmente, em alguns casos, afetam os níveis de Perfis Retrabalhados, indicando que a atividade tectônica não se restringiu apenas em moldar o quadro (junto com o clima) dos processos erosivos que afetaram os perfís in situ, mas avançou para além dos eventos de formação dos materiais lateríticos depositados.