A privatização de usinas nucleares está na mira do Palácio do Planalto. Depois de 50 anos de monopólio estatal, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), em tramitação na Câmara, propõe que a construção e a operação de reatores nucleares sejam abertas a empresas.
Se aprovada, a medida deve garantir a injeção de recursos que o Palácio do Planalto tanto precisa para alavancar um projeto ambicioso: erguer pelo menos mais quatro usinas no país até 2030.
Por trás deste esforço, está a fórmula que o governo encontrou para driblar o fantasma do apagão energético. Atualmente, as duas usinas em funcionamento - Angra I e II - são responsáveis por apenas 3,5% da energia elétrica do país. A conclusão de Angra III ainda está em andamento. Mas a idéia é ir mais longe, ampliando a participação para 10%, dando suporte a possíveis falhas no sistema hidrelétrico.
- O quadro já é diferente. É melhor enfrentar o risco de crise sabendo que poderemos contar com o apoio da geração de Angra III em 2013. E o objetivo é ampliar essa margem de segurança - comenta o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Francisco Rondinelli.
Ministério já começou análise de localização
A previsão faz parte do Plano Nacional de Energia. Duas usinas serão construídas no Sudeste e outras duas no Norte do país. Por determinação do próprio presidente Lula, o Ministério de Minas e Energia já realiza um levantamento para determinar a exata localização das usinas. Cada empreendimento custa R$ 8 bilhões para ser erguido em um prazo de seis anos.
Polêmico, o tema vem sendo tratado com discrição dentro do governo. Fontes do Ministério de Minas e Energia não negam que há interesse na entrada de capital privado. O problema são as resistências à total abertura do mercado. Atualmente, a construção e a operação das usinas estão a cargo da Eletronuclear, companhia ligada à Eletrobrás, de capital misto.
(Por Carolina Bahia, Agência RBS, 14/10/207)