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cvrd
2007-10-15

Entre esta segunda-feira (15/10) e o dia 23, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) terá em mãos mais uma marca histórica: a mina de Carajás, no sudoeste do Pará, alcançará produção de 1 bilhão de toneladas de minério de ferro. Há 40 anos, o acaso, protagonizado por jovens geólogos, transformou a região na maior reserva de ferro a céu aberto do planeta.

Hoje, a fartura de investimentos (US$ 1,6 bilhão até 2010) criou um novo eldorado econômico, puxado pela forte demanda mundial por minério de ferro. A riqueza em Carajás é imensa. Em reservas provadas e prováveis, Carajás possui ainda 2 bilhões de toneladas de minério. Volume certificado, considerado em bolsa de valores.

Mas a chamada reserva geológica (ou recurso) informada ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é bem maior do que essa. O volume de minério de ferro pode chegar a 17 bilhões de toneladas. Talvez, nem tudo seja possível explorar, mas, seguramente, uma parte disso vai virar aço. "Para mim, é muito mais do que isso", diz Breno Augusto dos Santos, o geólogo que, há 40 anos, descobriu a mina.

Futuro

O ciclo de alta, o maior desde a década de 70, é o combustível dessa impressionante corrida em Carajás que sustenta hoje 10 mil empregados. Esse número vai crescer, mas a Vale não informa quanto. "O futuro está aqui. Quem quer ganhar dinheiro hoje no Brasil precisa vir para o sudeste do Pará. Aqui estão as novas oportunidades do País", diz Luiz Augusto Mapa, gerente de operações da usina. Mapa é veterano em Carajás. Chegou há 20 anos, como estagiário. Agora, é dele a missão de triturar e separar por tamanho as quase 300 mil toneladas de minério extraídas todos os dias das quatro cavas de Carajás.

O centro de operações, uma acanhada sala repleta de telas de computador, dita o ritmo do complexo. Monitora tudo, onde cada um dos mais de 100 caminhões fora-de-estrada estão e os volumes que carregam. A produção diária tem de atingir 300 mil toneladas de minério, 270 mil para exportação e o resto para o mercado interno.

As obras civis de um novo centro operacional caminham para a fase final. Para lá, vai toda a estrutura de controle, da produção na mina ao despacho do minério nas 12 composições que são carregadas por dia. Detalhe: cada composição - que leva o minério para o embarque em navios no porto, em São Luís (MA ) - tem 212 vagões. Cada trem carrega mais de 22 mil toneladas de minério, o equivalente a quase 500 caminhões de 45 toneladas cada. Por segundo, Carajás precisa produzir 10,4 toneladas . Até o fim da década, cada segundo no sudeste do Pará será ainda mais valioso.

A demanda mundial por minério, principalmente da Ásia, continua forte, o que oferece à Vale condições favoráveis para negociar novos reajustes e bancar com tranqüilidade os investimentos de expansão de Carajás. O mercado projeta reajustes do minério em 20%, talvez 35%. Será o quarto aumento consecutivo. Se os atuais preços atiçam a cobiça de muitos empreendedores em projetos muito mais modestos no Brasil, o que dizer de Carajás?

O minério das cavas de Carajás tem papel central na definição mundial do valor desse mineral, e isso não tem nada a ver com a Vale - é obra da natureza, que há alguns milhões de anos pôs ali reservas com altos teores. As reservas de ferro na região chegam a ter teores de 67%, uma das maiores do mundo. Hoje, projetos com 40% têm viabilidade econômica.

É essa situação mundial a responsável por toda a agitação em Carajás. Não há um ponto sem um canteiro de obras. Há 22 anos, a maior reserva de ferro do planeta entrou em operação. Agora, não será necessário tanto tempo para alcançar a marca de 2 bilhões de toneladas de ferro produzidas. Em 1985, quando a mina foi aberta, a toada anual de produção era de 35 milhões de toneladas. Em 2008, o ritmo será de 100 milhões.

"Parte do complexo de Carajás já alcançou essa capacidade", explica José Rogério de Paula e Silva, gerente-geral de operações das minas de ferro e manganês. Em 2010, a produção de Carajás será de 230 milhões de toneladas por ano. Um esforço que já começou a ser feito e que vai consumir US$ 1,6 bilhão até o fim da década.

(Por Agnaldo Brito, Estadão online, 14/10/2007)


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