A Rússia avisou na sexta-feira (12/10) que pode abandonar um tratado sobre mísseis atômicos de alcance intermediário, uma manobra capaz de fortalecer a posição dos russos no embate cada vez mais intenso com os Estados Unidos no setor militar.
O presidente do país, Vladimir Putin, afirmou a autoridades norte-americanas em visita à Rússia que será "difícil" para o governo russo continuar respeitando o Tratado para Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado pela Rússia e pelos EUA, se o acordo não for ampliado para incorporar outros países.
Putin também conclamou a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, a abandonar o plano que visa instalar parte de um escudo de defesa antimíssil na Europa. A Rússia diz que o escudo ameaça a segurança dela.
O governo russo já deixou parte do Ocidente preocupado ao anunciar que abandonará outro pacto da Guerra Fria, o Tratado sobre Forças Convencionais (CFE).
Alguns líderes de países ocidentais alertaram sobre a possibilidade de serem retomadas as tensões da Guerra Fria se os russos continuarem adotando medidas para restabelecer seu poderio militar, provocando atritos com o Ocidente.
Putin, que se reuniu com Rice e Gates na casa dele, localizada nas cercanias de Moscou, disse que outros países poderiam ser convencidos a aderir ao INF.
"Se não conseguirmos atingir essa meta, será difícil para nós permanecermos no âmbito do tratado em uma situação na qual outros países desenvolvem tais sistemas bélicos, entre os quais países localizados nas proximidades da Rússia."
(Por Andrew Grey, da Reuters/Estadão online, 12/10/2007)