Motivados pela preocupação com o meio ambiente e com a qualidade de vida, um grupo de gaúchos tem substituído as sacolas plásticas, comuns em supermercados, padarias e farmácias, no momento das compras. No lugar do plástico, entram sacolas de tecidos e de palha, caixas de papelão, bolsas e até mochilas.
As ações ainda são isoladas, mas confirmam uma tendência verificada em outros países, onde mudanças na legislação e na cultura da população levaram à redução drástica no uso de sacolas plásticas. Em alguns, como a Alemanha, existe a cobrança pelo material. No Brasil, a estimativa é de que o consumo anual atinja 250 mil toneladas de sacolas plásticas, segundo dados da MaxiQuim Assessoria de Mercado.
Quem recusa a embalagem de plástico no supermercado enfrenta com freqüência a reação de surpresa da pessoa do outro lado do caixa ou no entorno. A rotina de utilizar sacolas de pano começou em 2002 para a professora de Ciências Sociais Ivania Kunvler, de Porto Alegre. 'Em 2005, morei na Alemanha, onde o uso de sacolas de tecido é comum e, de lá, trouxe modelos maiores', afirma. Para a estudante do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Ufrgs Júlia Coelho de Souza, a alternativa principal na hora das compras é a mochila. 'Muitos estranham quando digo que não quero a sacola plástica na hora da compra', ressalta.
Incentivos para a diminuição do uso das sacolas plásticas também têm partido de produtores da Feira Ecológica que ocorre as sábados na avenida José Bonifácio. Os consumidores que não utilizarem o material ganham descontos ou podem acumular fichas e, posteriormente, trocá-las por produtos. Existe a idéia de unificar essas ações com a confecção de sacolas da feira, conforme a integrante da Cooperativa de Produtores Ecológicos do RS Lires Marques. Entre as possibilidades está o uso de tecido, papel ou plástico biodegradável. Para isso, será buscado apoio financeiro junto ao poder público.
(Por Carina Fernandes, Correio do Povo, 14/10/2007)