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embrapa resíduos sólidos
2007-10-15

Para cada 300 ml de água-de-coco consumidos, são gerados cerca de um quilo e meio de casca de coco. O Brasil possui  cerca de 700  toneladas desse resíduo. As cascas, quando jogadas sem nenhum tipo de tratamento em aterros sanitários ou lixões, levam em média dez anos para serem decompostas. Servem de abrigo para animais como ratos e favorecem, por exemplo, a reprodução de insetos, como o mosquito da dengue. Uma saída para essa situação pode ser a reciclagem.

Uma tecnologia que vem sendo desenvolvida em pelo menos 12 estados do país, com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), aproveita a casca do coco para a produção de fibras vegetais, que podem ser usadas na fabricação de estofados de automóveis, vasos de xaxim e coberturas para a proteção do solo. A casca do coco reaproveitada também serve para produzir um tipo de pó que ajuda no desenvolvimento de plantas cultivadas em vasos e que pode ainda substituir a terra em plantações.

“Basicamente é feita uma trituração da casca, depois ela é prensada para a extração do excesso de umidade. Isso porque a casca do coco tem cerca de 80% de umidade. Então, você extrai esse excesso de umidade da casca e junto com ela você extrai parte dos sais cristalinos, que são diluídos nessa fase líquida", explica o analista do Núcleo de Apoio à Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza (CE), Adriano Lincon Albuquerque Matos.

"Depois é feita uma classificação, onde o pó sai de um lado da máquina e do outro, a fibra. Em seguida, é feito algum trabalho de compostagem sobre o pó para a utilização de substrato agrícola e a fibra é simplesmente seca e enfardada.”
No Brasil, já existem fábricas de reaproveitamento da casca do coco no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Espírito Santo, São Paulo, Goiás e Mato Grosso. Cada uma delas é capaz de processar até 16 toneladas de casca de coco por dia. Um mercado que gera lucro.

"Você conseguindo se colocar adequadamente no mercado, a rentabilidade de uma unidade dessa é bem satisfatória. Hoje em dia, a matéria-prima, que é a casca de coco, chega à unidade só com o custo do transporte, ou, com um custo bem baixo, e o produto gerado tem um valor agregado razoável”, conta Matos.

Segundo a Embrapa Agroindústria Tropical, a partir de 5 mil cocos processados, o empreendedor já cobre as despesas e começa a lucrar - 5% deste total vira fibra, outros 15% viram substratos (pó). Com a venda desses dois produtos, fibra e pó, o produtor fatura cerca de R$ 1 mil , sendo que R$ 200, em média, como lucro.

A idéia agradou vendedores de coco do Distrito Federal, que também estão montando um fábrica de reciclagem em Planaltina. José Roberto Melo Machado, vendedor de cocos há dois anos, montou a Cooperativa de Reciclagem de Côco Verde, a Coopercoco, financiou os equipamentos e já espera pelos resultados.

"Nós vamos fazer substrato agrícola para o plantio de hortas, mudas, vamos fazer vasos substituindo o xaxim, vamos fazer tubete, que é onde coloca a planta para a muda diretamente na terra. Queremos fazer também as mantas secas para a proteção de erosão e a fibra bruta, que é a fibra que a indústria compra para fazer estofamento de carro, tênis", planeja Machado.

Em Fortaleza, a Cooperativa de Beneficiamento da Casca do Côco Verde, a Coobcoco já começou a fabricar e a comercializar os produtos. A presidente da cooperativa, Kelcilene da Silva Martins, diz que é possível lucrar com a iniciativa, mas os desafios são inúmeros.

"Como é um produto novo no mercado, a gente está com dificuldade de abrir mercado. A Embrapa fez o projeto, colocou a gente e a gente está fazendo como a gente pode. Todo o dia a gente processa 5 mil cocos e o máximo que dá para tirar de mercadoria, em dinheiro é uns R$ 100”, calcula Kelciclene.

Os produtos feitos com fibra de coco são vendidos para produtores rurais ou para empresas. Empresários, cooperativas e produtores interessados no projeto devem entrar em contato com a Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza. O telefone é (85) 3299-1913.

(Por Elaine Borges, Rádio Nacional da Amazônia, 13/10/2007) 
 


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