O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da ONU, Rajendra Pachauri, pediu que Brasil, China e Índia não repitam os mesmos erros dos países ricos no desenvolvimento de suas economias nos próximos anos. Pachauri entende, porém, que não ainda seria o momento de estabelecer tetos de emissões de CO2 para os emergentes.
Em entrevista concedida por teleconferência, após saber que a entidade que preside havia recebido o Prêmio Nobel da Paz 2007, o indiano também falou sobre a Amazônia e sugeriu a criação de um tratado internacional para garantir a cobertura florestal no planeta. Ele alertou, ainda, que a deterioração do meio ambiente pode se transformar em risco para a paz. O IPCC dividiu o Prêmio Nobel da Paz com o ex-presidente e candidato derrotado à Presidência dos EUA Al Gore. Pachauri deixou claro que não está na hora de o mundo criar tetos para as emissões de CO2 nos países emergentes, como Brasil, China e Índia. 'As responsabilidades devem ser diferentes para cada país. Há muitas pessoas ainda nessas nações emergentes que sequer tem acesso à energia. Temos de cuidar para que essas necessidades sejam supridas também', afirmou o presidente do IPCC.
O debate sobre a responsabilidade dos governos está no centro da disputa diplomática em torno de um novo tratado ambiental. Brasil e outros emergentes se recusam a aceitar obrigações de corte de emissões, alegando que historicamente os responsáveis são os países ricos. Para Berlim, Washington ou Tóquio, sem um teto nas emissões dos emergentes, o problema jamais será solucionado.
Segundo Pachauri, isso não significa que os emergentes não tenham de ter novas responsabilidades. 'O que não podem é repetir o mesmo padrão de desenvolvimento conduzido pelos ricos nas últimas décadas', afirmou.
(Correio do Povo, 13/10/2007)