A Aracruz Celulose tem 462 mil hectares plantados com eucalipto, e não 279 mil hectares de plantios com esta espécie exótica, segundo anuncia em seu relatório de 2006. A informação sobre a área plantada da empresa foi divulgada no site da Assembléia Legislativa pelos deputados da Comissão de Meio Ambiente. Os deputados estão em “visita técnica” às empresas poluidoras do Estado.
A “visita técnica” dos deputados às poluidoras é qualificada por ambientalistas como passeio às empresas que financiam as campanhas eleitorais no Espírito Santo.
O latifúndio da Aracruz Celulose inclui ainda outros 154 mil hectares. No seu relatório a Aracruz Celulose diz ter nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul “279 mil hectares de plantios renováveis de
eucalipto”, além de outros 154 mil hectares.
Sem contar, ainda o que chama de Programa Produtor Florestal “pelo qual estimula o plantio de eucalipto por terceiros nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, como informa no relatório sobre 2006.
A área contratada pelo Programa Produtor Florestal é de 88,3 mil hectares, e a área plantada de 81,7 mil hectares. O programa atinge 156 municípios (dos quais 69 do Espírito Santo, 14 da Bahia, 39 de Minas Gerais, oito do Rio de Janeiro e 26 do Rio Grande do Sul. São 3.615 contratos, com área média por contrato de 24,4 hectares, ainda segundo a Aracruz Celulose.
Mas, não: a Aracruz Celulose tem 462 mil hectares plantados com eucalipto, segundo relevou aos deputados da Comissão de Meio Ambiente, o gerente de Desenvolvimento Florestal da empresa, Zoé Antonio Donati, segundo informam os deputados no site da Assembléia Legislativa.
Os deputados Reginaldo Almeida (PSC), Luciano Pereira (PSB) e “Doutor” Hércules da Silveira (PTB) e Marcelo Coelho (PSDB) participaram da “visita técnica” à empresa na terça-feira (9). O objetivo da visita seria o de “conhecer as ações desenvolvidas pela empresa para a proteção e preservação do meio ambiente”.
Na ocasião, ouviram do gerente de “Qualidade e Meio Ambiente Industrial da empresa”, Marcelo Martins, a confissão de que há 15 anos, sentia-se o mal cheiro dos gases da usina, localizada em Aracruz, até em Vitória. O funcionário, ainda segundo relato dos deputados no site da Assembléia, informou dos gastos da empresa “para que esse odor fosse diminuído”.
Os resíduos líquidos da empresa “depois de tratados” são lançados ao mar por um emissário localizado a 1,7 quilômetro de distância da costa. Entre os poluentes lançados pela empresa estão as dioxinas, que causam vários tipos de câncer.
Os deputados já visitaram a Samarco Mineração S/A, localizada em Ponta Ubu, no município de Anchieta. A empresa polui o litoral sul capixaba. Os parlamentares saíram de lá deitando elogios para a empresa. Agora, na visita à Aracruz Celulose, rasgaram menos seda.
A próxima visita dos deputados será na Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e a data ainda será definida pela Comissão, segundo o site da Assembléia Legislativa.
A Comissão de Defesa do Consumidor e de Proteção ao Meio Ambiente é formada por Reginaldo Almeida (PSC), presidente, Luciano Pereira (PSB), e vice-presidente, Da Vitória (PDT), “doutor” Hércules Silveira (PTB) e Marcelo Santos (PTB), efetivos.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 11/10/2007)