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impactos de hidrelétricas patagônia endesa
2007-10-11

A “Patagônia é o símbolo da natureza no mundo”, disse o advogado norte-americano Aaron Sanger, encarregado da campanha internacional contra a Hidroaysén, empresa de capitais estrangeiros e chilenos que pretende construir cinco megacentrais hidrelétricas nessa área austral do Chile. Sanger, que mora em Washington, foi contratado pela organização não-governamental norte-americana International Rivers Network (Rede Internacional de rios) para liderar uma campanha contra os produtos chilenos de exportação que, a seu ver, estão diretamente associados à oferta energética da Hidroaysén, com “cobre, madeira e fruta entre outros”.

A organização é parte do Conselho de Defesa da Patagônia Chilena, um coletivo de 35 entidades ecológicas, da sociedade civil, empresariais e religiosas, nacionais e estrangeiras, que também congrega artistas, intelectuais e políticos. “A campanha (internacional) é uma ferramenta para informar os compradores de produtos chilenos sobre as ligações entre esses produtos e a Hidroaysén”, cujas ações ainda não estão definidas exatamente, explicou Sanger em um encontro mantido ontem com um restrito grupo de correspondentes estrangeiros.

As empresas exploradoras de cobre, o principal produto de exportação do Chile, estariam entre as maiores beneficiadas com os 2.750 megawatts que gerariam as cinco represas nos caudalosos rios Baker e Pascua, na região chilena de Aysén, dois mil quilômetros ao sul da capital, disse o advogado. A Hidroaysén nasceu em 2006 pela associação das geradoras elétricas Endesa Chile, propriedade da firma espanhola de mesmo nome, e a Colbún, controlada pelo grupo chileno Matte, que investiriam mais de US$ 4 bilhões no projeto.

A Endesa possui 51% do pacote acionário desta nova companhia, que pretende inundar 5.910 hectares de territórios virgens e levar a energia até Santiago através de uma rede elétrica de 2.200 quilômetros de extensão, que atravessaria oito regiões e 200 comunidades do centro e sul do país. Se a iniciativa se concretizar, seria “o maior desmatamento do mundo”, afirmou Sanger, que em 2002 e 2003 promoveu a campanha da ONG norte-americana Forest Ethics (Ética da floresta) contra as principais companhias florestais do Chile: CMPC, do grupo Matte, e Celco, do holding Angelini.

Essa campanha derivou na assinatura de um acordo em que as duas empresas se comprometeram a proteger a floresta nativa do sul do país. “A International Rivers Network não entende como o grupo Matte vai manter seu compromisso e ao mesmo tempo afetar muitos hectares de floresta nativa”, afirmou Sanger, que em 2006 viveu na cidade de Villarrica, região de La Araucanía, 750 quilômetros ao sul da capital. “Temos três vezes mais organizações nesta campanha contra a Hidroaysén (do que as presentes em 2002/2003) e o orçamento é 10 vezes maior” que o empregado contra as empresas florestais chilenas, disse Sanger, sem especificar valores.

O dinheiro vem “do país, da Espanha, dos Estados Unidos, do Canadá e, em algum nível, de todo o mundo. Há muito interesse na Patagônia porque se trata de um símbolo único da natureza”, acrescentou o ativista. Sanger chegou à capital chilena no último dia 3 para assistir o lançamento do livro intitulado “Patagônia chilena sem represas!”, elaborado pelo Conselho com o objetivo de informar sobre a riqueza da região e alertar para os graves prejuízos que as represas ocasionariam. O texto também inclui reflexões e propostas sobre a política energética que deveria ser seguida pelo Chile, que hoje importa 72% da energia que consome.

Sanger, rebateu os argumentos dos defensores das represas no sentido de que estas são menos contaminantes do que o diesel e o petcoke, combustível sólido, que se está usando maciçamente devido às restrições às importações de gás natural argentino. “O sistema de hoje (Baseado no diesel e no petcoke) é horrível, mas a Hidroaysén é igual”, disse o advogado, destacando os milhares de hectares de floresta nativa que a empresa pretende inundar, as 12 áreas silvestres protegidas que seriam prejudicadas pelas linhas de alta tensão e o impacto que ocasionaria a construção no tranqüilo futuro dos habitantes da Patagônia.

Sanger e ecologistas chilenos acreditam que este país tem a oportunidade histórica de liderar o desenvolvimento de energias renováveis não-convencionais (eólica, solar, geotérmica e biomassa, entre outras) para encontrar uma solução sustentável à sua demanda energética, somada a um efetivo programa de eficiência energética. No último dia 5, Bernardo Matte, presidente da Colbún, criticou na revista chilena Qué Pasa a idoneidade das organizações ecologistas norte-americanas envolvidas na campanha, com International Rivers Network, Free Flowing Rivers e Natural Resources Defense Council.

“Peço a essa gente que nos deixem tranqüilos porque não são os melhores exemplos de energias renováveis não-convencionais: apenas 1% de sua base energética a emprega”, disse Matte em entrevista ao semanário por ocasião do lançamento do livro “Patagônia chilena...”. ao que parece, “a batalha está ocorrendo mais fortemente aqui do que em seu próprio país. Eles são os maiores geradores de CO² (dióxido de carbono) no mundo e pretendem impor o que eles pensam em outros países e não o aplicam no seu”, continuou o empresário.

“Estes ambientalistas são filhos de George W. Bush e têm sua mesma mentalidade: o que ele acredita se aplica no Oriente Médio e pronto. Pensam que o Chile não deve desenvolver energia hidrelétrica, mas se abastecem dela”, acrescentou Matte. Sanger, que não tem interesse em conversar com o empresário, disse que “Bernardo Matte, me parece, tem a mente no passado. Se ele quer que seu país avance, o melhor que pode fazer é mudar o investimento da Hidroaysén para energias alternativas”.

A Hidroaysén projeta apresentar às autoridades o estudo de impacto ambiental das obras em 2008. Se for aprovado, a construção começará em 2009 e a primeira central estará funcionando em 2012. Sanger colocou em dúvida a capacidade institucional chilena para controlar projetos como este. O advogado recordou especialmente a grave contaminação produzida em 2004 no santuário da natureza Carlos Andwandter, na região dos Lagos, sul do país, por causa de despejos feitos pela empresas de celulose Celco, que causaram a morte de centenas de cisnes de pescoço preto, desastre ambiental que ainda não foi revertido.

Sanger adiantou que em fevereiro ou março de 2008 será apresentado um estudo sobre o potencial da energia alternativa no Chile, que sua organização elabora “em colaboração com a estatal Universidade do Chile, agências do governo e especialistas”, nesses tipos de fontes.

(Por Daniela Estrada, IPS, 10/10/2007)


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