O relator especial da Comissão dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), Davi Martins, estará em Rondônia, no período de dois a 20 de dezembro, para verificar denúncias sobre perigo de morte que estão sofrendo Almir Suruí, familiares e integrantes do povo suruí, que vive na Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, em Cacoal.
O líder suruí, que atualmente ocupa o cargo de coordenador Etno-Ambiental da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), também denunciou à OEA a invasão e exploração ilegal de madeira e outras riquezas naturais em Tis de Rondônia. As ameaças de morte ao líder indígena seriam uma resposta à posição tomada pelo mesmo contra a invasão das Tis no Estado.
Recentemente Almir Suruí foi palestrante no II Congresso Latino-Americano de Parques Nacionais e outras Áreas Protegidas, promovido na Argentina, com a participação de representantes de povos indígenas dos países da Região Amazônica. Segundo Almir, “de uma forma geral todos os povos indígenas da região vivem os mesmos problemas, com a falta de um modelo eficiente de desenvolvimento sustentável nas áreas indígenas”.
O Brasil se destaca neste cenário com uma legislação muito boa, embora a sua execução seja questionável. Por outro lado, em outros países latino-americano o movimento indígena está mais organizado, como é o caso da Bolívia, onde um índio assumiu a presidência do país.
Fórum
Representantes de povos indígenas dos nove estados da Região Amazônica participarão, de 17 a 22 de novembro, em Porto Velho, do Fórum Indígena da Amazônia, promovido a cada dois anos pela Coiab. De acordo com um dos diretores da entidade, Almir Suruí, este ano o Fórum vai girar em torno de quatro temas que são o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a construção das hidrelétricas do Madeira , o desmatamento e as mudanças climáticas.
São esperados aproximadamente mil participantes no Fórum, que também vai contar com a presença do coordenador da Coordenação dos Povos Indígenas da Bacia Amazônia (Coinca), Egberto Tabo, e da presidente do Parlamento Amazônico, a boliviana Ana Reis.
Para Almir Suruí, o fórum vai fortalecer a posição do movimento indígena sobre o uso racional das riquezas da Amazônia, mostrando formas de aproveitamento sustentável dos recursos das florestas. “Afinal, ninguém entende mais de floresta do que os índios”, considera.
Durante o fórum serão levantados subsídos para a criação do Conselho Nacional de Política Indígena e também para que os índios sejam ouvidos sobre a legislação de mineração nas Tis, que atualmente tramita no Congresso Nacional.
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Diário da Amazônia, 10/10/2007)