A formação de um consórcio de capital privado formado por distribuidoras de energia para disputar a usina de Santo Antonio, no rio Madeira (RO), depende da mudança do atual modelo onde estatais podem participar em sociedade com empresas privadas.
Para o presidente da Light, José Luiz Alqueres, a parceria privado/pública tira a competitividade do leilão e vai impedir a formação também de outros grupos.
"Nós estamos trabalhando para fechar (o consórcio), mas não está fechado, entendemos que as estatais devem participar, mas só em um segundo momento", disse Alqueres a jornalistas durante evento promovido pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) e Veirano Advogados.
"Se a competitividade não for equilibrada não faz sentido competir", complementou.
O leilão da primeira das duas usinas do rio Madeira está previsto para ser realizado no final de novembro. Nesta quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o edital de venda, que deverá ser publicado em cerca de um mês.
Para garantir a competitividade do leilão, após a estatal Furnas ter feito acordo de exclusividade com a construtora Odebrecht, o governo decidiu liberar as demais subsidiárias da Eletrobrás a fazerem parcerias com o setor privado.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, a Eletronorte irá ao leilão com a Alusa, a Eletrosul com a Suez Energy Brasil e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) com a Camargo Correa.
Para Alqueres, entre essas estatais existem algumas com deficiência de caixa, "como é o caso da Eletronorte", e outras com o caixa forte, "como Furnas", o que deixaria desequilibrada a concorrência inclusive entre os que já estão em consórcio.
"O Estado não pode usar suas empresas para turbinar determinados grupos...Se as estatais participarem só num segundo momento será uma grande vitória para o Brasil", afirmou.
Pela dificuldade de atrair mais grupos e outras questões pendentes na Justiça, como um outro contrato de exclusividade entre Odebrecht e fornecedores, Alqueres não acredita que o leilão seja realizado no prazo estipulado pelo governo.
"Acredito que vai escorregar um pouco, ainda tem muita coisa para resolver", disse o executivo. Ele não quis informar quais seriam os outros parceiros do consórcio, "porque ainda não fechou".
(Por Denise Luna,
Reuters, 10/10/2007)