Reunida em Santa Cruz, onde ocorre a sessão de interiorização da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, a Comissão de Agricultura debateu o desenvolvimento sustentável da região e a necessidade da diversificação de culturas. O Brasil é signatário da Convenção Quadro, que aponta a necessidade da restrição do cultivo do fumo, principal atividade econômica da região. A diversificação tem o objetivo de minimizar eventuais perdas que a redução da área plantada de fumo pode trazer à região.
Para o deputado Dionilso Marcon (PT), qualquer política de diversificação da produção passa, obrigatoriamente, pela ampliação da assistência técnica, pelo fomento à agroindústria familiar, que agrega valor ao produto, pela preservação ambiental e por financiamento. "O governo federal reduziu o juro do Pronaf para os agricultores que querem investir em outros produtos que não seja o fumo. Além disso, o MDA já liberou R$ 3 milhões para a pesquisa de alternativas para a reconversão das lavouras", destacou Marcon.
Segundo ele, o mesmo comportamento não é percebido no governo estadual. "A governadora, ao invés de adotar medidas para ajudar os agricultores, só pensa em aumentar impostos, o que resulta em mais dificuldade para o trabalhador rural", frisou o deputado.
O reitor da Unisc, Vilmar Thomé, também criticou a falta de recursos públicos para pesquisa e extensão. Conforme ele, a Unisc e as outras universidades têm desenvolvido projetos para viabilizar a diversificação de culturas, mas não têm condições de bancar isto sozinhas, como tem acontecido. "Não podemos substituir o papel do Estado na indução do desenvolvimento econômico e social e nem assistir calados ao desmanche de políticas públicas que já se mostraram eficazes em governos anteriores", afirmou Thomé.
O reitor lembrou que o Estado contava com bons programas, como Extensão Empresarial, Extensão Rural, Inovação Tecnológica, Incubadoras Tecnológicas e Redes de Cooperação, que foram paralisados. "Em programas que já estavam enraizados nas comunidades que, no atual cenário, estão fazendo muita falta", apontou. Thomé também reivindicou que a valorização da Secretaria de Ciência e Tecnologia. "Somente com políticas públicas de Estado, que sobrevivam à mudança de governos, vamos conseguir trabalhar em prol do futuro meio rural, da agricultura e da economia desta região, atualmente focada no fumo. Sem isto, vamos passar as próximas décadas tapando buracos e longe da perspectiva do desenvolvimento sustentável".
Um dos planos que está sendo desenvolvido conjuntamente pela Unisc, MDA e Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), é o Projeto Girassol, que envolve 23 lavouras de um hectare em propriedades onde predomina o plantio do fumo. "O girasssol foi escolhido pelo fato do mercado de biocombustíveis apresentar forte tendência de expansão. Além disso, o girassol é fonte de alimento humano e animal e bom para a apicultura", explicou o presidente da Afubra, Benício Werner.
(Por Luciane Fagundes, Agência de Notícias AL-RS, 10/10/2007)