Uma batata transgência, que pode se tornar o primeiro alimento geneticamente modificado autorizado para cultivo na União Européia (UE) desde 2004, vem causando polêmica entre os países da região, sobretudo com a demanda de seu fabricante de utilizar resíduos na ração animal. As divisões vieram à tona nesta quarta-feira durante uma votação de especialistas dos 27 países membros da UE para aprovar ou rejeitar esta demanda do gigante alemão Basf.
Doze países votaram contra (Áustria, Malta, Luxemburgo, Letônia, Itália, Grévia, Polônia, Hungia, Dinamarca, Romênia, Eslovênia), cinco se abstiveram (Portugal, França, Irlanda, Bélgica e Alemanha) e dez votaram a favor (Finlândia, Espanha, Bulgária, Estônia, Reino Unido, Holanda, Eslováquia, Lituânia, Suécia e República Tcheca). Conforme manda o procedimento de votação para empate técnico, a Comissão vai enviar agora o caso aos ministros, que terão três meses para se pronunciar.
Se não houver maioria novamente, a Comissão tomará a decisão final, sem dúvida positiva, porque apóia sempre a opinião da Agência européia de segurança alimentar (EFSA), favorável a esta autorização. No fim de 2005, a EFSA disse que era "improvável" que esta batata "tivesse um efeito nefasto para a saúde humana e animal ou para o meio ambiente dentro dos usos propostos".
Mas esta opinião é criticada pelas organizações de proteção ao meio ambiente, segundo as quais a batata transgênica tem um gene resistente a certos antibióticos. "A resistência crescente aos antibióticos nos homens e nos animais é um problema médico reconhecido. Todo uso inútil de um gene resistente a antibióticos em uma planta é em conseqüência irresponsável", denunciou o Greenpeace há alguns meses.
A "Amflora" é uma variedade de batata rica em amido, que pode ser utilizado na produção de papel, cola, têxteis e materiais de construção. O amido serve para deixar brilhante a superfície do papel, endurecer o papelão ondulado, produzir camisas que não amassam, etc. Para obter este resultado, os pesquisadores da Basf bloquearam o desenvolvimento da amilose, outra substância contida na batata. Na "Amflora", a amilose se encontra mais na pele e sua extração custa mais barato para os industriais.
A Basf já fez um pedido para cultivar esta planta, mas também quer revender a polpa que sobrar depois da produção do amigo e a casca da da batata como alimento para animais. Sobre o pedido do cultivo, os ministros do Meio Ambiente fracassaram em julho em atingir uma maioria, deixando a Comissão decidir.
O comissário para o Meio Ambiente Stavros Dimas havia recomendado que os ministros autorizassem o cultivo desde que os resíduos sejam destruídos e não entrem na cadeia alimentar, segundo sua porta-voz, Barbara Helfferich. Em caso de aprovação, esta batata seria o primeiro alimento geneticamente modificado autorizado para cultivo desde o fim da moratória em 2004 após a adoção de uma nova lei sobre a etiquetagem e a rotulagem dos produtos. Atualmente, somente o milho MON 810 da Monsanto é cultivado na Europa, principalmente na Espanha.
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Efe, 09/10/2007)