O cientista mexicano Mario Molina, Prêmio Nobel de Química em 1995 por suas pesquisas sobre a camada de ozônio, afirmou nesta quarta-feira (10/10) que a mudança climática abre portas para um desenvolvimento "limpo" e sustentável na América Latina. "Copiar o modelo de desenvolvimento dos países ricos será um erro, porque equivale a sujar para depois limpar", advertiu Molina, um dos 15 premiados com o Nobel reunidos em Potsdam para falar sobre como suavizar as conseqüências da mudança climática.
Para isso, destacou, o primeiro passo é mudar a convicção de que a mudança climática é um problema criado pelos países ricos e que tem de ser resolvido por eles. Segundo ele, "isso é verdade apenas em parte". "A mudança climática afeta todo o planeta e todos os países do planeta têm de contribuir para mitigar seus efeitos por meio de um acordo internacional que funcione, porque a verdade é que de todos os acordos internacionais sobre meio ambiente o único que funcionou foi o de Montreal", declarou, em entrevista à Efe.
No chamado Protocolo de Montreal, a comunidade internacional entrou em acordo quanto à proibição de CFC (clorofluorcarbono), gases que, por excesso de acumulação na atmosfera, danificaram a camada de ozônio.
DesafioMolina reconheceu que mudar a percepção dos países em desenvolvimento com relação à mudança climática é uma tarefa árdua. Isso porque, embora países como Brasil e México já comecem a perceber a real dimensão do problema, o tratam como um assunto a ser resolvido em longo prazo.
"Temos de aprender com os erros e apostar em um modelo de desenvolvimento que no início pode custar em termos econômicos um pouquinho mais, mas que com o tempo ficará mais barato", disse. O cientista mexicano detalhou que atualmente se dispõe de tecnologias que podem ser mais rentáveis no médio e longo prazos do que o uso indiscriminado de combustíveis fósseis. Citou como exemplo a obtenção de energia por fonte eólica e solar e os biocombustíveis.
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Efe, 10/10/2007)