Porto Alegre (RS) - Passados mais de dois anos da entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, os resultados do acordo internacional já se mostram positivos. Assinado em 2005, o Tratado determina que os países desenvolvidos devem reduzir a emissão de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global.
Na avaliação do pesquisador do Núcleo de Pesquisas Climáticas (Nupac) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Francisco Aquino, a importância do Protocolo não se restringe à redução dos gases. Para ele, significou também a entrada da questão ambiental na mídia, na política e na iniciativa privada.
“A avaliação, no meu ponto de vista, foi muito positiva principalmente pelo destaque ou pela provocação que o Protocolo traz na agenda do cotidiano do cidadão comum, de pensar a questão de mudanças climáticas, aquecimento global, redução de gases de efeito estufa”, diz.
Aquino afirma que não há como reverter a curto prazo a poluição já provocada. Mesmo que se eliminasse por completo a liberação de gases para a atmosfera, o planeta ainda sofreria o efeito desses poluentes no próximo século. No entanto, ele considera que algumas práticas devem ser adotadas imediatamente com o objetivo de atenuar as conseqüências.
“Sem dúvida, mudar a matriz energética, repensar a relação de consumo, tipo de automóvel, planejamento de cidades, transporte urbano, armazenamento de carbono, a questão do mercado de carbono é interessantíssima. Todas essas questões que hoje parecem obscuras ou não muito claras, elas serão, sem dúvida, nosso cotidiano num futuro de curto prazo”, avalia.
O pesquisador acredita que, em breve, os Estados Unidos vão ratificar o acordo. O presidente norte-americano George W. Bush se negou a assinar o Protocolo, alegando que prejudicaria a economia do país. No entanto, Aquino entende que o governo norte-americano vai ser obrigado a ceder às pressões da mídia e de outros países, especialmente depois de desastres como o Katrina.
Apesar de obrigar somente os países desenvolvidos a reduzirem suas emissões, o Protocolo contou com o apoio também de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil. Para Aquino, o país vem se destacando no combate ao aquecimento global, com o incentivo de pesquisas e apoio a políticas ambientais internacionais, mas precisa reduzir o desmatamento. Hoje, o Brasil é um dos cinco maiores emissores de carbono na atmosfera em função das queimadas.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 09/10/2007)