Começa, nesta quarta-feira (10/10), o 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, que prossegue até sexta-feira, na Reitoria da Ufrgs, em Porto Alegre. O tema é "Aquecimento Global: Um desafio para a Mídia”. A conferência magna, na abertura do evento, às 19h45, estará a cargo do documentarista Adrian Cowell - célebre diretor da série de reportagens "A Década da Destruição", sobre a Amazônia. A conferência é aberta ao público em geral, bem como as mostras de vídeos e reportagens ambientais.
O evento reunirá experientes profissionais de Comunicação do Brasil e da América Latina para debater o assunto em conferências e painéis, assim como renomados especialistas, entre eles, José Marengo Orsini - Doutor em Meteorologia, pesquisador do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais), e Philip Martin Fearnside - pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o segundo cientista mais citado no mundo sobre aquecimento global, segundo a Thomson Institute for Scientific Information.
Cerca de 500 profissionais ligados ao Jornalismo Ambiental devem participar do evento. “É um dos principais congressos da América Latina”, destaca Juarez Tosi, coordenador do Núcleo de Ecojornalistas do RS, que realiza o evento em conjunto com a EcoAgência de Notícias. “O objetivo é discutir o aquecimento global e de que maneira podemos mudar esse cenário como formadores de opinião”, explica.
O Congresso inclui mostra de vídeos, reportagens e filmes ambientais e terá a participação de produtores, diretores e repórteres. Também haverá a apresentação de 21 trabalhos científicos, desenvolvidos por estudantes e professores de universidades sobre o tema Jornalismo Ambiental.
Veja o que alguns dos conferencistas pensam sobre alguns temas em foco: Desperdício de energiaSegundo o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Philip Fearnside - que ministrará palestra na sexta-feira, às 8h30 -, o aumento da temperatura planetária gera maior risco de desastres, como secas, inundações e desmoronamentos. O uso exacerbado de energia contemporaneamente é um ponto de extrema importância. “Cada um deve adotar as medidas possíveis em sua vida para diminuir o uso de energia. Há um enorme desperdício de energia no Brasil. Um exemplo gritante é o uso do chuveiro elétrico, que pode ser substituído por aquecimento a gás, ou melhor, por aquecimento solar”, ressalta Fearnside. O glaciólogo e professor da UFRGS, Jefferson Simões – que participará da Conferência “Mudanças Climáticas”, nesta quinta-feira, às 8h30 -, sustenta essa contribuição como uma mudança importante de hábito: “podemos fazer modificações no uso energético, tornando-se mais eficiente, como por exemplo, mudando o chuveiro elétrico para a gás!”.
Comodismo nocivoA poluição produzida pelos automóveis é visivelmente uma das maiores causas do aquecimento progressivo da Terra. “Os veículos automotores já respondem por mais de 20% das emissões globais de gases estufa e esse percentual vem crescendo rapidamente ano a ano”, informa o jornalista André Trigueiro, autor do livro “Mundo Sustentável Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação” (Editora Globo, 2005). Trigueiro será painelista da Conferência “Cidades Sustentáveis”, nesta sexta-feira, às 10h30.
O custo da poluição será, literalmente, alto: “hoje, com a gasolina custando cerca de R$ 2,00/litro, o orçamento de muitas pessoas já é apertado, imagina se o custo fosse R$ 10,00 ou R$ 20,00”, adverte Philip Fearnside. A reversão deste quadro pode estar ao nosso alcance. “Priorizar transportes públicos, andar de bicicleta ou mesmo a pé são contribuições importantes que cada um de nós poderia dar. E se for inevitável utilizar o carro, é imprescindível manter os motores regulados, pneus calibrados e aceleração reduzida”, aconselha Trigueiro. “Uma mudança maior que se aplica a muitas pessoas seria mudar de casa para morar próximo ao local de trabalho. O luxo de morar em bairros distantes ou até em outras cidades não é uma coisa que deve perdurar por muito tempo, sobretudo para aqueles que se deslocam de automóvel”, afirma Fearnside.
Respeito à vida, essência da cidadaniaA questão do aquecimento global ultrapassa os hábitos individuais: “antes de tudo a questão envolve mudanças de hábitos de consumo, principalmente energético. No Brasil, a questão não é tão simples, pois nossa maior contribuição de gases estufas vem da queima da floresta”, explica o professor da UFRGS e glaciólogo Jefferson Simões. Entretanto, o papel e a responsabilidade de cada cidadão precisam ser assumidos. “O que o governo do País faz é, no final das contas, o que a população quer e a sociedade é responsável pelas ações do governo. O impacto brasileiro sobre o efeito estufa é de longe dominado pelo desmatamento na Amazônia. Portanto, a população tem que exigir que o governo tome as medidas necessárias para parar com o desmatamento. Isto não se restringe às campanhas de repressão de IBAMA, mas envolve decisões sobre obras rodoviárias, política sobre posse da terra, impostos, crédito agrícola e outras coisas. A exportação de alumínio representa outra área relevante”, esclarece o pesquisador Fearnside.
A programação do evento está no site: www.cbja2007.com.br, onde ainda podem ser feitas as inscrições. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (51) 3362.2323. Petrobras, Correios, Eletrobras, Caixa Econômica Federal, Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Coza e Ministério do Meio Ambiente patrocinam o Congresso, que conta com apoio da UFRGS, FENAJ, Sindicato dos Jornalistas do RS, ARI e Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.
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Influence, Texto recebido por E-mail, 09/10/2007)