Uma obra anunciada em maio de 2006 e prevista para iniciar em agosto do ano passado finalmente começou a sair do papel. Desde 12 de setembro, operários estão abrindo valas e interligando os canos da quinta adutora de Santa Maria (canalização que transporta água para tratamento), em São Martinho da Serra, cujos 7,5 quilômetros de extensão devem ficar prontos em abril de 2008, segundo a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). A estatal diz que o atraso se deu por causa da demora na liberação das licenças ambientais.
As pessoas que moram no interior de São Martinho da Serra já estão sentindo as mudanças. Na semana passada, o canteiro de obras da Corsan foi parar em frente à casa de Adil Silva dos Santos, 62 anos, e Maria Irene Dalla Lana, 60 anos. Para fazer as valas onde foram colocados canos de ferro fundido de 2,8 toneladas e 80 centímetros de diâmetro cada um, foi necessário cortar pelo meio a cancha de bocha de Adil. Depois, ela foi reformada pela Corsan. Durante as obras, a energia elétrica e a água da residência precisaram ser cortadas.
- Isso é um benefício, porque as pessoas da cidade também precisam de água. Então a gente tem de cooperar - pondera Maria.
O valor desta primeira etapa de 7,5 quilômetros é de R$ 9,3 milhões. Depois de pronta, a adutora deve ter 20,5 quilômetros de extensão, mas não há previsão de quando vai começar a construção dos 13 quilômetros restantes (veja ao lado). Quando as duas etapas forem concluídas, a Corsan pretende desativar a barragem do DNOS e deixá-la como reserva técnica para situações de emergência.
A obra foi aunciada quando a cidade passava por uma grave crise no abastecimento. A barragem do DNOS, responsável pelo fornecimento de 37% da água consumida, ficou 9,79 metros abaixo do seu ponto mais alto, com apenas 52 centímetros de água aproveitável. A falta dágua atingiu principalmente os lugares mais altos.
O gerente da Corsan em Santa Maria, Elias Pacheco, garante que, com a conclusão já da primeira etapa, Santa Maria não vai sofrer com falta dágua até 2010.
- Ela vai permitir que em um curto espaço de tempo chegue mais água à hidráulica (estação de tratamento). Isso evita o racionamento, porque tem água na barragem de Val de Serra e vamos conseguir tirar.
Verão
O superintendente regional da Corsan, José Vilmar Viegas, garante que no verão não haverá problema de falta dágua nas partes mais altas. Segundo ele, isso acontecia por causa de uma deficiência no sistema de distribuição, que teria sido solucionado com a entrada em funcionamento, no ano passado, de um novo reservatório de 5 milhões de litros, que fica junto à estação de tratamento.
A previsão da Corsan é que as chuvas neste verão caiam em um nível normal para a época, entre 130 e 140 milímetros por mês.
O que vai acontecer
Com a conclusão dos primeiros 7,5 quilômetros da adutora:
- A vazão na Estação de Tratamento de Água (ETA) da Corsan vai aumentar dos atuais 900 litros por segundo (l/s) para 1.034 l/s. O que seria suficiente para evitar falta dágua até 2010
- A adutora vai bombear água direto do leito do Rio Ibicuí-Mirim, na localidade de Scremin, em São Martinho da Serra. A outra extremidade da adutora será ligada à adutora já existente no distrito de Santo Antão, que leva água da barragem Saturnino de Brito à estação de tratamento, em Santa Maria
Quando estiverem prontos os 20,5 quilômetros:
- A vazão na ETA vai aumentar para 1,2 mil l/s, o que seria suficiente para afastar o racionamento até 2035
- A barragem de Val de Serra vai ficar responsável pelo abastecimento de toda a cidade. Atualmente, ela responde por 63% do abastecimento
- A adutora deixa de captar água do leito do rio para captar água direto da Saturnino de Brito, e a barragem do DNOS será desativada. Hoje ela responde por 37% do abastecimento de água em Santa Maria
Empreiteiras
Os 7,5 quilômetros da obra da adutora foram divididos em duas partes, ambas de 3,75 quilômetros. A primeira ficou sob responsabilidade da empresa Sulcava, de Santa Maria, e a outra, da SJF Engenharia, de Porto Alegre
(Diário de Santa Maria, 10/10/2007)