O governo decidiu estender por mais um ano a atuação da Petrobras como centralizadora das compras de biodiesel no País. Em resolução publicada na sexta-feira (5) da semana passada, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) determina que as refinarias brasileiras comprem em leilões todo o volume necessário para suprir o mercado no ano que vem, quando a mistura conhecida como B2 (2% de biodiesel mais 98% de diesel derivado de petróleo) se torna obrigatória.
A medida representa uma mudança de rumos, já que a previsão inicial era que o mercado atuasse livremente a partir de 2008, com as distribuidoras de combustíveis buscando fornecimento diretamente com os produtores de biodiesel.
Segundo o diretor de combustíveis alternativos do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, o objetivo é evitar concorrência predatória no setor, uma vez que a capacidade de produção é hoje maior do que a previsão de consumo.
"Com os leilões, os produtores saberão quanto vão vender, por que preço e quando vão entregar", disse Dornelles, destacando que se trata de um período de transição.
Segundo ele, o governo teme que a abertura repentina do mercado provoque a quebra de alguns produtores, que seriam pressionados a operar com margens negativas diante da grande oferta. O Ministério de Minas e Energia garante que há capacidade para produzir 1,6 bilhão de litros de biodiesel por ano, enquanto o mercado deve absorver 800 milhões de litros.
Problemas
O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima, admitiu segunda-feira (8) que os vencedores dos leilões já realizados não entregaram todo o produto prometido. Segundo ele, os compradores receberam até agora 40% do volume contratado.
"É um número que vem subindo nos últimos meses. O programa tem apresentado alguns problemas, mas nenhum deles intransponível", afirmou Lima, dizendo estar confiante que o País terá condições de cumprir o cronograma de uso do B2.
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Agência Estado, 09/10/2007)