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amazônia
2007-10-10
Descoberta reafirma o quanto é rica a biodiversidade do Estado

Os cientistas descobriram recentemente uma ocorrência raríssima no Brasil na Estação Ecológica do Rio Acre, situada nos municípios de Assis Brasil e Sena Madureira.  O inventário da flora identificou um tipo de floresta semicaducifolia, fenômeno em que as árvores altas perdem as folhas no verão deixando a impressão, por causa da falta de cobertura, de se estar em região de presença humana e não em mata virgem.

"A pobreza do estrato mediano, a distribuição esparsa das árvores que compõem o dossel e a deciduidade da maioria dos indivíduos arbóreos fazem com que a luminosidade que chega ao chão da floresta possa atingir, em alguns pontos, mais de 40%.  Por essa razão, essa paisagem se constitui em uma formação singular em todo o Acre", diz o relatório da pesquisa coordenada pelo especialista Evandro Ferreira, do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac).  Ferreira acredita que do total da reserva cerca de 400 hectares apresentem esse fenômeno registrado em pouquíssimas regiões do Brasil.  São vistas apenas manchas dessa mata na Bacia do Rio Paraná e no Mato Grosso.  "Essa descoberta reafirma ainda mais o quanto o Acre é rico em biodiversidade", disse Ferreira.

A estação foi criada há mais de duas décadas para proteger as cabecereiras do Rio Acre, principal manancial abastecedouro das cidades do Vale do Acre, que em várias regiões sofre com a poluição e a degradação ambiente.  A reserva Limita-se com as terras indígenas Mamoadate ao norte; a cabeceira do rio Acre, a leste, e a Bolívia ao sul.  Foi criada pelo Decreto no.  86.061, de 2 de junho de 1981 e tem 77,5 mil hectares.

A pesquisa subsidia o inventário da fauna e flora do plano de manejo da estação.  Realizado numa parceria que envolve o Governo do Estado, o WWF-Brasil e a Fundação SOS Amazônia.  O projeto é coordenado pela Diretoria de Ecossistemas do Ibama.  A elaboração do plano de manejo foi iniciada em fevereiro de 2005.  De acordo com publicação do WWF, entre fim de março e início de abril de 2005, foram executadas ações de reconhecimento da área, como sobrevôos e uma expedição de campo.  Ainda em abril, a Oficina de Planejamento, realizada em Assis Brasil, contou com a participação de pessoas e instituições que atuam na região.  Ela propiciou a participação da comunidade na elaboração do plano de manejo e forneceu informações úteis sobre a realidade local.

Nas proximidades das margens do Rio Acre são encontradas as embaúbas, plantas consideradas pioneiras e que se desenvolvem quase como uma floresta homogênea, dominando a paisagem em vários trechos.  Ocorrem espécies animais como jabuti, jacaré-açu, sagüi-leãozinho, sagüi-de-bigode-branco, capivara, garça-parda, socó, taquari, entre outros.

Valor biológico alto - Evandro Ferreira diz que o valor biológico da descoberta é alto porque até então os locais no Acre onde espécies como a palmeira jarina ocorre são florestas abertas ou densas.  Acreditava-se, portanto, que a jarina era dependente de locais sombreados e relativamente úmidos.  "A floresta aberta da estação demonstra que grandes concentrações de jarina também podem ocorrer em áreas florestais extremamente abertas e sujeitas às altas taxas de luminosidade, tipo de adatação que só tinha sido observada em poucas espécies de palmeira nativas, como o uricuri, jaci e tucumã", observa o pesquisador.

Estação é abrigo de animais na lista de extinção
Nesse novo contexto, os mapas do zoneamento ecológico-econômico do Acre devem passar a informar que parte da floresta daquela reserva tem constituição diferenciada.  "A formação vegetal está ligada à formação do Peru", explicou Evandro Ferreira.

A Estação Ecológica do Rio Acre é também um abrigo de espécies em extinção.  Existe a confirmação de ocorrência de cinco espécies de animais que constam da Lista de Espécies Ameaçadas do Ibama: macaco barrigudo, macaco bigodeiro, soim preto, macaco preto e onça pintada.

(Por Edmilson Ferreira, Página 20, 09/10/2007)


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