O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Vicente Bertone, revelou nesta terça-feira (09/10) que o governo está buscando vencer barreiras internacionais para vender etanol e outros biocombustíveis. Ele participou da abertura da Segunda Feira Internacional de Agroenergia, Biocombustíveis e Energias Renováveis (Enerbio). A feira vai até a próxima quinta-feira (11/10).
“O governo está atentando principalmente para vencer as barreiras internacionais, porque o mercado interno se encontra numa fase muito boa de desenvolvimento, já sustentável e consolidado, pela disponibilidade de carros flex e pela indiscutível liderança brasileira na produção de agronergia”, disse o secretário.
O secretário ponderou, entretanto, que é preciso diversificar a utilização de matérias-primas no mercado interno. “O projeto para biodiesel está caminhando muito bem, embora nós reconheçamos algumas dificuldades, uma vez que esse projeto hoje está muito fundamentado na soja”.
Bertone disse que para alcançar o mercado internacional é necessário ter sustentabilidade na produção de biocombustíveis. E lembrou que para atingir esse objetivo, o governo vai divulgar em junho de 2008 um mapeamento com orientações em quais áreas a lavoura de cana-de-açúcar é propícia, permitida e estimulada. O governo também pretende criar um selo social de reconhecimento às empresas produtoras que respeitam a legislação ambiental e trabalhista.
Bertone disse ainda que a decisão da semana passada do Congresso norte-americano de dar subsídio à produção do etanol daquele país não prejudica o Brasil. “Isso mostra que o etanol é um sucesso. É saudável que os americanos estejam substituindo a utilização de parte de sua gasolina por etanol”.
Para o secretário, a opção americana de produzir etanol por meio do milho, diferentemente da produção brasileira pela cana-de-açúcar, é temporária. Segundo ele, a opção pelo milho não tem viabilidade. “O Brasil hoje gasta uma unidade de energia para produzir oito unidades de energia através da cana-de-açúcar. Enquanto isso, os Estados Unidos gastam uma unidade de energia para produzir entre 1,8 unidade de energia através do milho”.
O secretário Bertone rebateu o organizador da Enerbio, Ronaldo Knack, que disse que os ministério não trabalham articuladamente. Ele afirmou que não há desarticulação entre órgãos do governo na área de biocombustíveis. E lembrou que uma proposta do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues de criar uma Secretaria de Agroenergia para reunir as ações do governo deve ser analisada pela Casa Civil.
“Infelizmente ele não tomou essa providência enquanto era ministro. Eu vejo essa recomendação com muito respeito e creio que deve ser tratada no âmbito adequado que é a Casa Civil, juntamente com os demais ministérios”.
(Por Kelly Oliveira, Agência Brasil, 09/10/2007)