Projeto Energia Verde, que tem o apoio do governador Wellington Dias, previa o desmatamento de 78 mil hectares de mata virgem naquela área.No último dia 22 de setembro o governador Wellington Dias (PT), se pronunciou durante uma manifestação no sul do Estado contra a criação do Parque Nacional da Serra Vermelha. O mesmo discursou de forma contrária ao posicionamento de ambientalistas, pesquisadores e do Ministério do Meio Ambiente – MMA que visam a proteção da biodiversidade dessa região.
Diversas ONG’s de todo o país estão contestando o governador, que discursou em cima de um trio elétrico pertencente a uma madeireira da região, e afirmou que não será criado mais nem um parque ambiental no Piauí.
A criação do Parque Nacional Serra Vermelha comprometeu os trabalhos da empresa carioca JB Carbon responsável pelo Projeto Energia Verde, que tinha como plano desmatar cerca de 78 mil hectares de mata virgem. A área segundo pesquisadores é o encontro de três importantes biomas no planeta: Caatinga, Cerrado e o que resta da Mata Atlântica no Piauí. Dados do MMA revelam que cerca de 93% da mata atlântica original do Brasil já foi devastada.
O Governo do Piauí concedeu 12 anos de isenção fiscal para a empresa carioca, ela inclusive conseguiu duas autorizações do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para prospectar minério de ferro nas proximidades da Serra Vermelha. A JB Carbon também aparece como uma das doadoras de recursos para campanha de reeleição do governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
“Só falta agora transformarem o Piauí em uma grande reserva florestal para o restante do mundo usufruir. O estado já deu sua contribuição, temos mais parques do que todos os outros estados do Nordeste juntos. A quem interessa que o rótulo de estado mais pobre da federação? É preciso investir no agronegócio e o manejo sustentável seria a solução mais viável, já que preservar o meio ambiente é uma grande preocupação nos dias de hoje”, disse o governador.
Recentemente a criação do parque foi discutida em Brasília durante o II Encontro dos Povos das Florestas, com a participação de ambientalistas e coordenadores do MMA. O representante do Núcleo dos Biomas Mata Atlântica e Pampas, Wilgod Schaffer, esteve em agosto no Piauí realizando um levantamento sobre a área para a criação do parque, e afirmou que todos os trabalhos estão sendo feitos para que a Unidade de Conservação seja criada ainda este ano.
O ambientalista Judson Barros esteve presente neste encontro no Distrito Federal e fez duras críticas ao Governo do Piauí para mais de mil pessoas presentes durante uma plenária geral com os povos das florestas. Ele fez um apelo ao governador do Amapá, Waldez Góes, que fazia parte da mesa de convidados. “Gostaria de pedir aqui na frente de todos os povos das florestas, para o governador Waldez Góes do Amapá, ligar para o governador Wellington Dias do Piauí, pois ele desconhece o que é preservar o meio ambiente”, disse o ambientalista.
A Rede Ambiental do Piauí, que possui 72 entidades filiadas também se manifestou. De acordo com o ambientalista Reginaldo Muniz, o governador está fazendo um verdadeiro “terrorismo psicológico”, quando afirma que a criação do parque inviabilizará o desenvolvimento do estado, causando desemprego e desalojamento de famílias da região.
Para o ambientalista, a criação do parque vai de encontro aos interesses de políticos e grandes agricultores da região que pretendiam utilizar a área para o desmatamento com o Projeto Energia Verde. “Esse governo que defende os grandes produtores e a empresa JB Carbon, é o mesmo que afirmou que os pobres do Piauí são os grandes responsáveis pela degradação do meio ambiente”, concluiu Reginaldo.
(Por Dionísio Carvalho,
EcoAgencia, 08/10/2007)
*Dionísio Carvalho é estudante de jornalismo e ambientalista no Piauí