A poluição do ar na Grande Vitória será agravada pela Companhia Siderúrgica Vitória (CSV): suas emissões atingirão a região, principalmente nos dias de vento sul. O alerta é do presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Freddy Monenegro Guimarães. A usina será construída em Ubu, na divisa da Anchieta e Guarapari.
A Companhia Siderúrgica Vitória será um empreendimento de grande porte, para produzir 5 milhões de toneladas anuais, e é da chinesa Baosteel e da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). As empresas ameaçam dobrar, logo, a capacidade de produção da usina.
Segundo o presidente da Acapema, a sociedade deve estar alerta e exigir que a usina tenha, obrigatoriamente, uma unidade de dessulfuração - que trata os derivados do enxofre - além de precipitadores eletrostáticos, para minimizar a emissão de partículas.
Mas para ele, sempre haverá o lançamento de poluentes no ar. E que vai sobrar poluentes para a Grande Vitória, principalmente durante o vento sul. Destaca que a maior parte das emissões contaminarão o sul do Estado, pela predominância do vento nordeste.
A usina da Baosteel e da Vale vai gerar riqueza para as empresas, miséria e degradação ambiental para a população da área onde se localizará. Nada vai deixar em impostos, pois goza de isenção por ser empresa exportadora. Mesmo sem ter dado início ao processo de licenciamento ambiental, a empresa já se considera liberada para produzir: tem total apoio do governador Paulo Hartung.
Os chineses da Baosteel tentaram emplacar o projeto inicialmente em São Luiz, capital do Maranhão. Mas, alerta para os problemas ambientais e sociais decorrentes do projeto, o governo maranhense rejeitou a instalação da usina, protegendo a população e a região de São Luiz.
Sobre a Grande Vitória, Freddy Monenegro Guimarães lembrou que a região já é saturada por poluentes emitidos pela ArcelorMittal Tubarão (antiga CST) e pelas usinas da Companhia Vale do Rio Doce. A ArcelorMittal sequer construiu a unidade de dessulfuração que estava obrigada a instalar, por uma condicionante ambiental, desde a construção de sua primeira usina, há duas décadas.
Hoje são três usinas da ArcelorMittal Tubarão (mais a Belgo), com capacidade nominal de produção de 7,5 milhões de toneladas anuais (na realidade, a produção poderá chegar a 8,3 milhões de toneladas com as novas instalações). A empresa agregará mais 1,3 milhão de toneladas anuais em sua produção, com uma nova expansão.
Também a Vale aumentará sua produção na Grande Vitória: tem licença ambiental do governo Paulo Hartung para expandir sua produção em 45%, passando sua produção de pelotas de minério de ferro para 39,3 milhões de toneladas anuais.
A Vale é a maior poluidora da Grande Vitória, seguida da ArcelorMittal Tubarão e Belgo. O volume de poluentes é calculado em 264 toneladas/dia (96.360 toneladas/ano). O custo do tratamento das doenças provocadas por esse bombardeio de poluentes em tempo integral ao longo das quase quatro décadas de instalação da Vale e, mais de duas das outras, é estimado em R$ 3,7 a R$ 4,4 bilhões, valores calculados até 2003. Dava, à época, um custo de R$ 100,00, por ano, para cada morador.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 09/10/2007)