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2007-10-09
O Lago do Amapá ainda é um lugar onde o ser humano, mesmo aquele dotado do mínimo de sensibilidade, ainda sente a paz e a tranqüilidade elevadas pelo silêncio que é apenas quebrado pelo canto dos pássaros.  A água e a quietude da natureza predominantemente verde completam a paisagem que dentro de alguns anos desaparecerá se não for cuidada a tempo.

Nem o alerta dos ambientalistas e o fato de o lago ser considerado Área de Preservação Ambiental (APA) garantem que as gerações do futuro terão o privilégio de ver e sentir seu encanto.  Isso porque o local é invadido constantemente por pessoas que, usando a pescaria como argumento, deixam para trás um rastro de sujeira composta de sacolas de plásticos, garrafas e latas cerveja.

O Lago do Amapá está situado a oito quilômetros do centro da cidade e compreende uma área de aproximadamente quatro mil metros de extensão.  No começo da década passada, os visitantes caminhavam até sete quilômetros pela mata para chegar ao lago, sendo possível hoje fazer o mesmo percurso a pé em apenas cinqüenta metros, o que comprova o impacto ambiental que ele vem sofrendo nos últimos anos.

Antes de se tornar Área de Preservação Ambiental, o local foi freqüentado pelo público acreano, tendo sido palco de grandes festivais de praia e de música.  Ele serviu de cenário para vários artistas acreanos, incluindo o cantor Zezé di Camargo, da dupla Zezé di Camargo e Luciano, que quando cantava sozinho mantinha o Acre em sua rota de shows.

Com o passar do tempo e com os vestígios cada vez mais fortes da presença do homem, surgiu a necessidade da preservação da floresta, quando o local passou a ser considerado Área de Preservação Ambiental.  Mesmo assim, a degradação do velho lago salta aos olhos dos que ainda se importam com a manutenção daquela paisagem.

Ausência do poder público preocupa moradores da área do lago
A proximidade cada vez maior de novas residências e empresas preocupa os moradores que nasceram e se criaram na área do Lago do Amapá e o têm como parte importante de suas vidas.  Eles vêem aos poucos desaparecer os animais silvestres, a vegetação e as várias espécies de peixes que antes habitavam suas águas.  A dona de casa Melissa Silva mora na área há 20 anos e reclama do descaso por parte dos órgãos ambientais.

Ela explica que são os próprios moradores que fazem a limpeza do lixo deixado pelos invasores no local e se sentem impotentes diante da destruição progressiva da natureza, que aos poucos perde sua exuberância.  A dona de casa defende que as famílias que permanecem morando na área recebam mais incentivo da administração pública para produzir suas culturas de subsistência e respaldo para fiscalizar a área.

"Em comparação aos moradores da cidade, nós aqui ainda temos uma vida tranqüila, mas que aos poucos está sendo transformada pela ação predatória de pessoas que não estão empenhadas em preservar o que é de todos nós.  Isso porque as riquezas do meio ambiente não têm significado apenas na vida de quem vive na floresta, mas de cada ser humano desse planeta", lembrou a mulher.

A figura franzina de Melissa não traduz a coragem que ela, como mulher, vigia a ilha do lago onde mora e cuida da plantação e das duas filhas pequenas, que nasceram ali mesmo no local.  "Atravesso o lago de canoa todos os dias para levar minhas crianças à escola, e nas margens elas não dispõem sequer um trapiche de madeira para subir o barranco.  No período das chuvas a situação se agrava e, além de minha família, muitas outras ficam isoladas", reclamou.

A dona de casa defende a presença do poder público na área para facilitar o dia-a-dia e sobrevivência das famílias, mas com uma observação: que não interfira no cotidiano da floresta e de suas riquezas naturais.  "O morador rural prova todo dia que é possível viver em harmonia com o meio ambiente, que é possível viver na floresta sem agredi-la."

Abrace o lago
No próximo dia 12, um grupo de amigos de ambientalistas irá se reunir para dar um abraço no Lago do Amapá.  O abraço percorrerá uma extensão significativa da área e vai chamar a atenção das autoridades quanto à necessidade de preservação do local.

A presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais da Estrada do Amapá (Amprea), Terezinha Santana da Silva, explicou que a intenção é repassar o amor que os moradores sentem pela região, além de centralizar mais força para continuar trabalhando na manutenção daquele espaço.

"Um dos principais problemas é o descaso público.  Temos tentado chamar a atenção das autoridades, mas ainda não alcançamos o objetivo", reclamou.  Ela explicou que, apesar de o conselho da APA ter sido criado, alguns membros foram destituídos depois que o governador Binho Assumiu o governo, o que resultou na ausência total da entidade.

"A função do conselho seria deliberar sobre as ações e empreendimentos que irão passar no interior da APA.  Porém, a última vez que o conselho se reuniu foi em outubro do ano passado", completou.  Para ela, não adianta criar leis sem haver fiscalização, assim como não adianta colocar placas proibindo a pesca predatória, se quando ela acontece a fiscalização do Imac não está lá para inibir a ação.

"Aparo legal a gente já tem; o que falta mesmo é a fiscalização", acrescentou.  Terezinha mora na área do lago desde que nasceu, sendo sua família uma das primeiras a habitar aquelas terras.  "Antes nós tínhamos uma floresta bonita da qual hoje temos saudade.  O único lugar que ainda lembra o que foi a floresta são as trilhas da ilha", recorda.

Ainda de acordo com ela, o Amapá está passando por uma fase de transformação, sendo que, depois da instalação da Via Verde, para onde se olha estão subindo prédios comerciais, fazendo desaparecer o ar de colônia que antes havia.  No entanto, a moradora acredita que quando a comunidade está unida existe força para avançar nos objetivos comuns.

"A cidade de Rio Branco também vai perder muito se aquela área se tornar urbana", alertou.  Terezinha defende o avanço e o desenvolvimento, já que precisam de pavimentação e outros meios que facilitem a permanência dos moradores, mas não abre mão da preservação do meio ambiente.

"As famílias mais antigas têm interesse de permanecer, mas, até quando não sei.  Se a gente não conseguir avançar na questão da infra-estrutura elas vão seguir o mesmo exemplo das outras que já se foram", prevê.

Campanha contra a pesca predatória não é feita há um ano
A gerente de Recursos Hídricos do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Marlene Fugiwara, cujo setor tem a função de verificar todas as empresas que vão se instalar ou se regularizar na APA do Amapá, explicou que o trabalho leva em conta a avaliação da viabilidade da atividade e o quanto elas são impactantes para o meio ambiente.

A gerente ressaltou que todo ano são feitas duas campanhas no sentido de fiscalizar a pesca predatória dentro do lago, sendo que este ano, até o momento, nenhuma foi feita.  "Não foi feita por falta de planejamento, já que existem outras atividades que consomem o tempo dos técnicos ambientais", declarou.

Já em relação à implantação e renovação de licença das dragas que tiram areia do rio, e que também são motivo de reclamação por parte dos moradores, ela assegurou a ação é aprovada pela própria comissão e conselho da APA.  "Esse é o maior cuidado que a gente tem em relação à fiscalização de implantação de empreendimentos na área dos recursos hídricos."

(Por Val Sales, Página 20 , 06/10/2007)


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