Travesseiro - O município tem 62 pocilgas e pedido de incremento de alguns criadores. A suinocultura é uma fonte de renda que não pode ser dispensada pelos travesseirenses, mas as conseqüências ambientais podem ser prejudiciais, por isso tem até se negado, momentaneamente, a abertura de novos pontos de criação. Uma solução para o problema criado com a geração de dejetos pode surgir e servir como fonte de renda. Empresas estão interessadas em produzir energia a partir do estrume dos suínos de Travesseiro.
Na semana passada representantes da Trigas, de Caxias do Sul, e da Ecogenesis, de São Paulo, estiveram no município demonstrando vontade de levar adiante projetos de geração de energia com fonte alternativa. A última, conta o engenheiro agrônomo da prefeitura, Marco Knopker, acredita na possibilidade da utilização do crédito de carbono, que pode representar 50% do custo do projeto. "Vamos solucionar um problema, que é o acúmulo desse material, e auxiliar em outro, que é a necessidade da produção de energia de forma que o ambiente seja menos degradado do que em casos como os das hidrelétricas", afirma.
ProcessoA empresa projeta a instalação de até três biodigestores, que são os pontos de geração de energia. "O que eles produzirem vai ser aproveitado nas propriedades e o excedente vendido para a concessionária", explica o engenheiro Knopker. A chamada energia limpa tem sido incentivada, pois agride menos a natureza. No caso de Travesseiro os dejetos seriam utilizados na transformação em eletricidade e o restante empregado como biofertilizante, que pode ser aplicado nas lavouras.
Para que tudo isso ocorra é preciso que o levantamento, que deve ser iniciado em duas semanas, verifique o potencial da matéria-prima. Se o resultado for positivo o município deve começar a procura por recursos que garantam a implantação do projeto. "Metade fica com responsabilidade do crédito de carbono e o restante temos que providenciar", conta.
Como se produzOs dejetos de suíno, assim como de bovinos e aves, produzem gás metano, altamente inflamável. Para se chegar à energia é preciso que passe por um processo, sem oxigênio, que libere esse gás (CH4). Ele é capturado e queimado. Essa queima gera a energia, transformando o CH4 em gás carbônico (CO2).
Essa alteração faz com que seja gerada energia a partir da queima, e diminuído em 20 vezes o efeito sobre a camada de ozônio. "O metano é 20 vezes pior que o carbono", afirma o engenheiro Knopker. Atualmente os dejetos são colocados diretamente na lavoura. Essa ação, porém, não é considera a ideal, pois o material deveria ficar durante pelo menos 120 dias em lagoa de decantação para depois ir para a terra. "Da forma como é feito pode tornar a terra muito ácida e poluir o lençol freático", diz.
Saiba maisO crédito de carbono é uma forma que o Protocolo de Kyoto autoriza para a continuação da emissão de gases. Países que acreditam não poder diminuir seu potencial poluidor devem "comprar" crédito de carbono de nações em desenvolvimento, como o Brasil. Assim, como Travesseiro encontrou esse meio de reduzir a emissão de gás carbônico, pode ofertar crédito de carbono. A negociação já é feita até com intermédio da Bolsa de Valores de São Paulo.
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O Informativo do Vale, 09/10/2007)