O fogo consome quase todas as áreas de proteção em Rondônia. O mais absurdo de todos os dados, as imagens comprovando tamanha destruição é ver a ineficiência do governo e sua jogada de canto levando ao conhecimento da população através da imprensa, de que o caso não é tão sério assim. Basta ver, ler e comprovar, mediante os dados os institutos.
A política do meio ambiente mostra nesse ano de 2007, brechas em algumas leis e ineficácia por parte dos governantes, tanto os de âmbito estadual quanto os de federal. As aparições de Marina Silva na imprensa servem apenas para criar pontos ao seu partido e tentar iludir a cabeça de muitos, mas na prática, a realidade é uma só: Não há mais controle das questões ambientais nesse País.
Sempre falam de campanhas, mobilizações, métodos para frear o ritmo descontrolado do desmatamento e conseqüentemente, das queimadas no Brasil, em especial na Amazônia. Nos últimos dias, diversas ONGs, siglas custeadas pelo governo Lula, firmaram um acordo para barrar por completo o índice de desmatamento na Amazônia até 2009. Os tolos tentando enganar a si mesmos. E quem disse, na altura do campeonato que isso aqui tem solução? São tão vulgares e estéreis em suas formas de desenvolvimento, que precisam ir até à Europa levar fontes e informações sobre a destruição que as hidrelétricas em Rondônia vão gerar ao meio ambiente, por exemplo.
Ora, basta olhar e ver o que é de porta se abrindo em Porto Velho, com nomes em fachadas dizendo ser de ONGs, de entidades que se preocupam com o povo de Rondônia, com os ribeirinhos. Agora que o grosso dinheiro para a construção das mesmas vai sair, é lógico que todas vão se enfiar em Rondônia, pois afinal de contas elas sobrevivem disso. Qual ONG é besta de confrontar com dados satisfatórios, que enfoquem a realidade do desenvolvimento organizado em Rondônia? Elas só existem porque sempre haverá como sugar verba pública para criar fontes e dados, estudos de impactos ambientais. Basta olhar ao redor e ver o tanto de ONG que surge nesse País a cada ano.
O mesmo pensamento das ONGs, as “salvadoras da Amazônia”, agora reflete no governo. Institutos de renome, muito eficazes em alguns momentos, como na última semana a grande apreensão de madeira ilegal no Estado, mas muito ineficientes em outros, como no caso de agora das queimadas. Assusta e ao mesmo tempo causa revolta ver a quantidade de fogo dentro de áreas de lei, e as autoridades (que sabem da gravidade), o que fazem é apenas timbrar uma folha como oficio e envia-la aos veículos de comunicação informando que tudo está normal, que não há exagero como dizem por ai, que isso é normal mesmo em Rondônia, pois o Estado está crescendo, se desenvolvendo e isso é um bom sinal. Colocam alguns de seus fantoches frente ás câmeras de televisão para gaguejar dizendo que logo tudo vai melhorar e no final das contas, a balança da produção de grãos, madeira e gado de corte falará mais alto.
Bom seria mesmo, se os focos de queimadas atuais só estivessem acontecendo em áreas consideradas, produtivas em Rondônia, mas a realidade é muito bem diferente.
O que ninguém do governo aparece no rádio, tv e jornal para dizer, são números, que levam Rondônia hoje, como o Estado com maior ritmo de devastação de todo o Brasil. Lugar em que governo federal, através de sua inóspita comandante, uma Ministra do Meio Ambiente, só conhece essa terra através de fotos, imagens e dados de papéis. A realidade com que a população enfrenta nessa época com tanta fumaça, com os problemas de saúde se agravando e outros tantos que ainda não apareceram, mas com o passar dos anos, pode-se esperar por alguma doença crônica, resultante de tanto Monóxido de Carbono na atmosfera, isso nossa Ministra prefere não opinar.
De que adianta criar área de floresta privada na Amazônia, se agora, menos de uma semana em que o projeto foi lançado, o fogo do desmatamento come solto lá dentro? Essa é a realidade do nosso Brasil hoje. Falam tanto, tanto, que até cansa ouvir tanta promessa, solução dos problemas e o pior, desconhecimento de tal gravidade dos fatos.
Mais uma prova em Rondônia é o fogo que há 72 horas consome parte da “moderna” área de conservação ambiental, a Floresta Nacional dos Campos Amazônicos, na divisa do Estado com Amazonas e Mato Grosso, criada em 2006, e que agora registra, além de desmatamento acelerado em sua área, uma quantidade absurda de trabalho escravo, que já foi descoberto no mês de julho, através de uma operação conjunta do IBAMA e Policia Federal. Olhe o satélite hoje e note como o fogo anda organizado em linha reta dentro dessa área de lei. Isso, como dizem nossos senhores do poder, é normal? É sim, indica o desenvolvimento do Estado.
A última passagem dos satélites detectou um absurdo de fogo em Rondônia, em diversas áreas de lei.
Segue abaixo, por ordem de Unidades de Conservação, Federal, Estadual e Tribos Indígenas, dados alarmantes que o nosso governinho acha normal, pois estamos em pleno desenvolvimento, ou melhor, desconhecem os dados, mesmo que eles tenham partido da maior instituição de pesquisa cientifica espacial da América do Sul, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Na contagem de focos de queimadas, a indicação de “buffer externo” corresponde aos focos observados na divisa das áreas de lei e os demarcados como “buffer interno” indica focos dentro das áreas.
Unidades de Conservação
Federais:
Reserva Biológica do Guaporé (São Francisco do Guaporé, Seringueiras e São Miguel do Guaporé):
Buffer externo: 50 focos
Buffer interno: 65 focos
Reserva Biológica do Jaru (Vale do Paraíso):
Buffer externo: 13 focos
Buffer interno: 9 focos
Floresta Nacional do Bom Futuro (Porto Velho):
Buffer externo: 10 focos
Buffer interno: 2 focos
Reserva Biológica do Guaporé (Costa Marques):
Buffer externo: 65 focos
Reserva Biológica do Cuniã (Porto Velho):
Buffer interno: 2 focos
Parque Nacional dos Campos Amazônicos (Machadinho d’ Oeste):
Buffer externo: 14 focos
Floresta Nacional do Jamarí (Itapuã d’ Oeste):
Buffer interno: 4 focos
Floresta Nacional do Jamarí (Cujubim):
Buffer interno: 5 focos
Reserva Biológica do Jaru (Vale do Anari):
Buffer externo: 33 focos
Estaduais:
Reserva Estadual Rio Pedras Negras (São Francisco do Guaporé):
Buffer interno: 18 focos
Parque Estadual Serra dos Reis (Costa Marques):
Buffer interno: 26 focos
Parque Estadual de Corumbiara (Pimenteiras do Oeste):
Buffer interno: 10 focos
Reserva Extrativista Aquariquara (Vale do Anari):
Buffer interno: 2 focos
Reserva Extrativista Maracatiara (Machadinho d’ Oeste):
Buffer interno: 1 foco
Reserva Extrativista Massaranduba (Machadinho d’ Oeste):
Buffer interno: 1 foco
Floresta Estadual do Rio Vermelho (Porto Velho):
Buffer externo: 1 foco
Terras Indígenas:
Tribo Indígena Karipuna (Nova Mamoré):
Buffer interno: 1 foco
Tribo Indígena Karitiana (Porto Velho):
Buffer externo: 1 foco
Tribo Indígena Lourdes (Ji-Paraná):
Buffer interno: 3 focos
Tribo Indígena Zoro (Espigão d’ Oeste):
Buffer interno: 9 focos
Tribo Indígena Rio Muqui (Alvorada d’ Oeste):
Buffer interno: 2 focos
Tribo Indígena Sete de Setembro (Cacoal):
Buffer interno: 4 focos
Toda essa quantidade absurda de fogo dentro de áreas de lei: Reservas Biológicas, Florestas Nacionais, Parques Nacionais, Parques Estaduais, Reservas Estaduais, Reservas Extrativistas, Florestas Estaduais e Tribos Indígenas, todas essas áreas nitidamente captadas pelos satélites do INPE e que não entram no conhecimento de SEDAM, IBAMA e FUNAI, podem ser vistas e comprovadas, por qualquer pessoa que tenha acesso a internet na página: http://www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas/bduc.html
Para visualizar os dados acumulados, basta selecionar a data desejada, o Estado de interesse, tipo de satélite e Unidade de Conservação. Pronto, o que nossos governantes vêem, mas agora fingem ser cegos, surdos e mudos, qualquer cidadão pode acompanhar em tempo real, a destruição das nossas poucas áreas de conservação existentes.
(Por Daniel Panobianco,
Rondonoticias, 08/10/2007)