As suspeitas de contaminação nas águas do São Francisco, no oeste da Bahia e norte de Minas Gerais, preocupam pescadores e comerciantes que dependem diretamente do rio. Na Bahia não há registro de internamento ou de mortandade de peixes, mas já há casos confirmados nos municípios de Januária e Manga, norte de Minas Gerais. A proximidade desses municípios com Carinhanha e Malhada, em território baiano, deixou em alerta as equipes de saúde dos dois municípios.
A secretária municipal de saúde de Carinhanha, Flávia Priscila Araújo, informou que todas as unidades de Saúde da Família estão em alerta, intensificando as visitas nas cinco comunidades ribeirinhas. “Estamos recomendados medidas como fervura da água e está tudo sob controle”, disse a secretária. A Coordenação de Vigilância Epidemiológica de Malhada, município separado de Carinhanha pelas águas do rio, também adotou providências, como coleta de água para análise nos laboratórios credenciados.
“Temos relatos de mau-cheiro, coloração esverdeada da água, mas nenhum problema na população em conseqüência disso”, sustenta o coordenador de vigilância do município, enfermeiro Júlio César dos Santos. Apesar disso, a redução na venda do pescado já é realidade, principalmente em Bom Jesus da Lapa (a 900 km de Salvador), onde fica uma das maiores colônias de pescadores da região. “Por enquanto pouca gente está sabendo desse problema aqui, mas a notícia vai se espalhando e o povo começa a evitar o peixe, apesar de que não tem nada a ver com a história”, diz o pescador Argemiro Augusto, 42 anos, que diz ter perdido “fregueses certos”. O pescador Jonas Alves Pires, 50, não mora às margens do rio como a maioria dos companheiros, mas conhece de perto a situação provocada pelos comentários. “Quem toma a água e sente dor de cabeça vai falando pra outra pessoa e a coisa se espalha na cidade toda”.
COLETA – De acordo com a diretora do Laboratório Central de Saúde Pública da Sesab, Rosane Will, além da coleta de amostras da água, eles estão fazendo uma coleta de dados, uma retrospectiva de até quatro semanas atrás para detectar algum caso de diarréia ou lesão de pele que eventualmente possa ter sido ocasionada pelo consumo da água do São Francisco. Assegurou que até o momento não foi encontrado nenhum caso clínico que justifique a contaminação do rio.
Rosane acompanhou a equipe do Centro de Recursos Ambientais (CRA) em visita a municípios ribeirinhos no último final de semana. Foi coletada água do rio nos pontos de distribuição e captação, na zona rural de Bom Jesus da Lapa, Paratinga, Serra do Ramalho e Carinhanha. Ainda segundo Rosane, não foi registrada presença de algas no rio.
A assessoria do CRA informou que segundo a diretora do órgão, Beth Wagner, os primeiros resultados sairão em três dias, na quinta-feira, e que as análises estão sendo feitas nos laboratórios do Senai/Cetind, da Embasa e do Instituto de Biologia da Ufba.
(Por Juscelino Souza,
A Tarde, 08/10/2007)