A degradação social e ambiental que o crescimento econômico ameaça causar na Amazônia vem sendo discutida com paixão no meio acadêmico acreano. Isso todo mundo sabe. Agora cientistas do Peru e da Bolívia vão participar do debate. O primeiro será nos dias 16 e 17 de novembro, em Brasiléia (AC).
O Simpósio de Investigação Socioambiental na Fronteira Trinacional Amazônica, como foi batizado o evento, nasceu de uma parceria entre a Universidade Federal do Acre (Ufac), a Universidad Amazonica de Pando (UAP) e a Universidad Nacional Amazonica de Madre de Dios (Unamad).
"O objetivo é construir instrumentos que viabilizem a realização de pesquisas entre as instituições universitárias a respeito das questões socioambientais desses povos e também dimensionar o desenvolvimento pretendido pelos povos desses países. A cada dois anos queremos fazer um levantamento desse tipo, com participação de pesquisadores dos três países", explica Élder Andrade de Paula, sociólogo e um dos participantes do evento.
Da contribuição entre instituições de ensino brasileiras, bolivianas e peruanas pode também nascer em um doutorado internacional em desenvolvimento regional, nos mesmos moldes do atual mestrado nesse ramo. O pedido de criação do doutorado tramita hoje no Ministério da Educação (MEC).
A coordenação de cada país quer realizar um simpósio desse tipo a cada dois anos. A idéia é reunir e comparar as conclusões científicas dos pesquisadores em cada região. Por conta do tema polêmico e dessa possibilidade de novos encontros comparativos, o primeiro simpósio ganhou um tema sugestivo: "Mudanças globais - sociedades locais elaborando soluções regionais".
De acordo com a coordenação, a idéia é estimular também estudantes e líderes comunitários a apresentar idéias e fazer questionamentos. Aliás, a participação popular será franqueada já no primeiro simpósio. A idéia é reorganizar os movimentos sociais nos três países e estudar uma forma de desenvolvimento alternativo e radicalmente democrático.
(Por Josafá Batista,
A Tribuna, 05/10/2007)