A Colônia de Pescadores Z-5 Ernesto Alves lembrou, na manhã de sábado, o aniversário de um ano de uma das maiores tragédias ambientais do Rio Grande do Sul. Em 7 de outubro de 2006, cerca de 85 toneladas de peixes morreram ao longo do Rio dos Sinos, devido à poluição das águas. De lá para cada pouca coisa foi feita para repovoar o rio, que continua sofrendo as conseqüências do desastre ecológico. Além disso, nenhum pescador foi ressarcido pelas cinco empresas que provocaram o acidente. Em alusão à data, os pescadores fizeram ato de protesto na Prainha de Paquetá, no bairro Mato Grande.
A manifestação contou com a participação do presidente da Confederação Nacional dos Pescadores e Aqüicultores, Ivo da Silva; do presidente da Colônia dos Pescadores, Vilmar Coelho; do presidente da Frente Parlamentar da Pesca, deputado federal Fábio Bezerra; e do promotor que acompanhou o caso na época, Ronaldo de Almeida Arbo. Na oportunidade, foi apresentado aos pescadores documento que será encaminhado amanhã à Secretaria de Agricultura e Pesca, em Brasília. “A responsabilidade das empresas (pela mortandade de peixes) ficou clara. Os pescadores estão descontentes e queremos chamar a atenção dos governos para a situação”, explicou Silva.
Coelho disse que as empresas envolvidas na tragédia querem colocar a culpa nos pescadores, referindo-se à denúncia de que quatro nomes que constam na lista de pessoas atingidas não são de profissionais da pesca. “Ao invés de pagar as indenizações aos pescadores eles ficam inventando coisas. A Colônia está do lado dos pescadores. A Justiça decretou que eles (empresas) têm que pagar, mas ninguém recebeu nada até agora”, salientou.
TragédiaE a preocupação dos pescadores não se resume às indenizações atrasadas, mas também a uma nova tragédia nas águas do Sinos. “Se vocês observarem, há uma mancha escura no meio do rio. Isso é óleo. Continuam poluindo as águas do rio. Daqui a pouco não teremos mais o rio e nem água potável”, afirmou Coelho. O presidente da Associação de Moradores da Prainha, Paulo Denilto, disse que os pescadores buscam outras atividades para conseguir o sustento da família. “Estamos regredindo. Não estamos conseguindo pescar.” O pescador Edson Dutra de Souza, 51 anos, contou que diariamente são vistos peixes boiando nas águas do Sinos. “Os peixes não estão mais conseguindo subir o rio. Sem oxigênio, eles morrem antes.”
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Diário de Canoas, 08/10/2007)