O setor sucroalcooleiro movimenta 2% do PIB do Brasil, algo como R$ 39 bilhões por ano e emprega cerca de 450 mil trabalhadores na fase agrícola, segundo estudos realizados pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP). Com os incentivos fiscais e investimentos privados na época do Proálcool, o setor se transformou em uma agroindústria avançada. Sexta-feira (05/10), durante o Workshop Tecnológico sobre Cana Energia, organizado pelo Nipe da Unicamp e realizado na Faculdade de Engenharia Química (FEQ), falou-se em repensar o valor da cana.
No evento, discutiu-se a cana energia, uma variedade otimizada para a produção de energia máxima. Tal variedade, segundo o pesquisador da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) Luís Augusto Cortez, atual coordenador de Relações Institucionais e Internacionais (Cori), possui muita fibra é pode ser viável como alternativa para a prática de tecnologias mais modernas de hidrólise, por exemplo.
Convidado especialmente para falar no Workshop, o pesquisador de Barbados, Seshagiri Rao, pertencente ao West Indies Central Sugar Cane Breeding Station (WICSCBS), uma das duas mais antigas estações de geração de cana-de-açúcar do mundo, abordou o potencial genético da cana-de açúcar para o aumento da produção de biomassa e geração de energia.
Entre outras possibilidades, concluiu Rao, está a produção de açúcar e, nos próximos anos, exportar energia usando cana-de-açúcar apenas como alimento. O pesquisador, que chegou à Unicamp na última terça-feira, volta para o seu país neste domingo. Ele conheceu pesquisadores da Unicamp durante um evento ocorrido na África. O Workshop está dentro do contexto do Programa de Políticas Públicas, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e resultante de uma parceria entre Unicamp e Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). "A idéia de promover workshops para discussão do tema não é fazer uma atualização tecnológica, mas explorar o futuro das tecnologias", disse Cortez. O projeto é coordenado por ele.
(Por Isabel Gardenal, Jornal da Unicamp, 05/10/2007)