(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
queimadas
2007-10-08
A polícia ambiental resolveu fechar o cerco contra os produtores que teimam em botar fogo no campo para "renovar" as pastagens. Com a temporada das queimadas chegando ao fim, os focos de incêndio se proliferam.

Na Serra Catarinense, o 5º Pelotão da Guarnição Especial de Polícia Militar Ambiental, sediado em Lages, trava uma batalha campal contra os incendiários rurais.

Para esta semana, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anuncia uma investida inédita: o rastreamento de queimadas através da utilização de satélite.

Desde agosto, o Ibama aplicou R$ 62 mil em multas contra infratores nas cidades de Bom Retiro, Leoberto Leal, Lages e Apiuna. Cinco propriedades foram embargadas na operação. O 5º Batalhão de Polícia Militar Ambiental, em sua vistoria na região, constatou que o fogo consumiu mais de 2 milhões de metros quadrados, o que corresponde a 10% da área de abrangência da unidade. Quinze proprietários de terra foram autuados, com encaminhamento do auto de constatação dos danos ao Ministério Público Estadual.

- Apesar dos esforços para conscientizar os responsáveis pelo efeito danoso das queimadas e das ações de fiscalização, as estatísticas sobre essas ocorrências se mantêm - afirma o tenente-comandante Frederick Rambusch, do 5º Batalhão.

As nuvens de fumaça tóxica que ultrapassam as porteiras das propriedades e chegam até as estradas e cidades, comprovam a grande dimensão do crime eológico.

- Eu toquei fogo em tudo porque é mais prático e rápido, e aproveito para queimar as ervas daninhas que prejudicam o desenvolvimento do pasto - assume um dono de terra da Coxilha Rica que prefere não ser identificado.

Outro, mesmo flagrado pela policia ambiental durante a fiscalização, coloca a culpa em pessoas que não conseguiram emprego e fazem isso para prejudicá-lo.

- Eu jamais faria isso com a minha terra. Sei que é prejudicial e eu não teria uma atitude irresponsável dessas. Eles colocam fogo durante a noite e não tenho como controlar - desconversa.

Não há dados exatos sobre o número de queimadas no Estado. Através do uso de satélite, o Ibama espera obter informações mais detalhadas, para fazer um planejamento operacional eficiente.

- Com isso, teremos um quadro preciso de todos os que cometeram crime ambiental, para que esses produtores sejam autuados - adverte Bruno Barbosa, coordenador da divisão técnica e de fiscalização do Ibama em Santa Catarina.

Especialistas condenam e sugerem alternativas

As queimadas enfrentam também a resistência de especialistas em solo e nutrição animal, além de economistas. Estudos revelam que a queima das pastagens naturais, nas regiões dos campos de altitude brasileiros, deve ser evitada como prática rotineira, pois deteriora as condições do solo, reduz o potencial produtivo e a qualidade da vegetação nativa, além de não ser uma prática sustentável.

- Após décadas de observação numa propriedade situada na região dos Campos de Cima da Serra, acreditamos que não há necessidade de eliminar o pasto seco com fogo - afirma o engenheiro agrônomo Aino Victor Ávila Jacques, professor de agrometeorologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

- O argumento de que a queima renova totalmente a pastagem, possibilitando uma dieta de maior valor nutritivo para os animais, não têm amparo científico. Isso porque, havendo boa oferta de forragem, o animal seleciona a sua dieta, consumindo o que lhe convém - justifica.

Segundo o especialista, as queimadas reduzem a riqueza florística, a produção de forragem verde e de mantilho, e a quantidade volumétrica de água no solo.

- Há maior ciclagem de nutrientes através da forragem e do mantilho das áreas sem queima - explica Jacques.

Os prejuízos econômicos também são ressaltados, com base, principalmente, no abubo orgânico desperdiçado através da ação do fogo.

- No estudo, somente em nitrogênio foram obtidos, em campos não queimados, de 35 a 163 quilos por hectare ao ano, o que é equivalente a cerca de 1,5 a sete sacos de uréia - alerta Jacques.

Nas pastagens secas, segundo o agrônomo, podem ser encontrados fósforo, potássio, cálcio, magnésio e os micronutrientes essenciais às plantas. Uma das alternativas defendidas por ele é o pastejo controlado em certas épocas do ano, com o rodízio dos animais.

Outras opções de baixo custo que, segundo Jacques, estão ao alcance dos produtores, são a roçada dos campos, sobressemeadura (replantio) da pastagem da estação fria e suplementação alimentar para os animais.

(Por Guto Kuerten, Diário Catarinense, 07/10/2007)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -