O deputado federal Márcio Junqueira (DEM-RR) defendeu na quinta-feira (04/10), em audiência pública na qual foram discutidos os mapas dos biomas da Amazônia, que esses levantamentos sejam utilizados para definir áreas propícias à agricultura na região. De acordo com o deputado, a soma das áreas indígenas e quilombolas com as de preservação ambiental chega hoje a 400 mil hectares no país, enquanto toda a extensão plantada é de 49 mil hectares. "Precisamos de locais estratégicos para produzir alimentos, do contrário, vamos ter de importar comida em pouco tempo", argumentou.
Márcio Junqueira foi o autor do requerimento para a realização da audiência promovida pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional. Ele afirma que as informações contidas nos mapas dos biomas possibilitam a adoção de políticas públicas que compatibilizem "desenvolvimento, inclusão social e preservação do meio ambiente".
O assessor da Diretoria Executiva da Embrapa José Felipe Ribeiro explicou que a empresa vai utilizar as informações, levantadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para definir o papel da agricultura na região. Segundo ele, hoje existem 263 projetos de desenvolvimento sustentável em andamento. Um dos objetivos é utilizar plantas típicas da Amazônia, como o cupuaçu, o açaí e o bacuri, para cultivo em áreas degradadas.
Geologia e vegetação
De acordo com o coordenador de Recursos Naturais e Estatísticos Ambientais do IBGE, Celso José Monteiro Filho, o trabalho cobre uma extensão de mais de 5,2 mil quilômetros da Amazônia Legal e resultou em 328 cartas. Além de informações cartográficas, os mapas contêm informações detalhadas sobre geologia, geomorfologia, solos, tipo de vegetação e fauna de cada localidade, além da localização das áreas degradadas.
Na opinião do especialista, a principal função dos mapas é justamente permitir o planejamento da ocupação da Amazônia, de forma a aproveitar corretamente a biodiversidade local.
Afinal, como explicou o pesquisador do Instituto de Pesquisa da Amazônia Rogério Gribel, a região comporta 17% da água doce e a maior biodiversidade do planeta. Ele citou como exemplo a Reserva Ducke, área de três quilômetros quadrados ao norte de Manaus, que contém 1.200 espécies de árvores. "Isso é mais que todas as espécies encontradas na América do Norte, na Europa e na Ásia somadas", afirmou.
Estudo
O trabalho de mapeamento do IBGE começou em 2004. O instituto analisou os seis biomas brasileiros e se debruçou sobre a Amazônia. Na pesquisa, os engenheiros florestais observaram que, dentro da região, existem ecossistemas diferentes e dependentes entre si. O próximo passo do IBGE é trabalhar em mapas de vegetação em escala mais ampliada, para adquirir informações detalhadas sobre o bioma amazônico.
(Por Maria Neves e Bruno Angrisano, Agência Câmara, 05/10/2007)