Alguns anos atrás, uma aeronave movida a energia solar e pilotada automaticamente por controladores em uma base terrestre da NASA foi lançada em um teste de vôo da ilha havaiana de Kuai. A Hélios foi desenhada pela Agência Espacial Americana (NASA) para receber a energia do sol durante o dia e se mover com as células combustíveis durante a noite. “O eterno avião” como era chamado.
Infelizmente, Hélios falhou em viver para inspirar este slogan. Trinta minutos depois do lançamento, a máquina de 15 milhões de dólares quebrou e mergulhou no Oceano Pacífico. “Isto foi triste, apesar de que, em retrospecto, esta não tenha sido uma tecnologia de muito valor prático”, lembra Dick Swanson, responsável pela criação dos painéis solares da Hélios. Swanson, um engenheiro de 62 anos, desistiu de uma vaga na faculdade de Stanford para iniciar sua empresa de energia solar em 1985. Desde então, ele tem visto outras idéias brilhantes e planos impraticáveis escoarem por água abaixo – esta foi a história dos negócios solares por anos.
Sua empresa, SunPower, não foi exceção. Sobrevivia com bolsas de pesquisa e acordos como fazer células solares para automóveis da Honda, que ganhou uma corrida de mais de 2,5 mil quilômetros na Austrália. “Nós fazíamos de tudo para sobreviver”, disse.
Hoje, como o resto da indústria de energia solar, SunPower passa por um processo de aquecimento. Com o aumento dos preços da eletricidade, preocupações sobre as mudanças climáticas e o custo da energia solar caindo; o negócio de produzir eletricidade a partir do sol está prestes a estourar.
O Santo Graal do solar é um conceito chamado “paridade da rede” – ou seja, não custa mais gerar sua própria energia solar do que comprar eletricidade no varejo – e existem especialistas apostando que a energia solar estará logo no mercado financeiro. No caso da SunPower, este dinheiro vem de uma das lendas do Vale do Silício chamado T.J. Rodgers.
Recuperada, a Sun Power, que produz e instala painéis fotovoltaicos em prédios comerciais e residenciais, espera gerar uma receita de um a 1,2 bilhão de dólares e lucros de 146 a 162 milhões de dólares no próximo ano. Os clientes incluem Wal-Mart, Johnson&Johnson, Microsoft, Macy-s, Tiffany, FedEx, Toyota, Target, Lowe´s, o governador do Colorado, USA (que possui painéis na sua mansão) e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (que utiliza a energia solar para alimentar a Base Aérea Nellis em Nevada).
Desde que foram lançadas na bolsa de valores, há dois anos, as ações da empresa cresceram 450%, saltando de 18 para 82 dólares e possibilitando a capitalização de cerca de 7 bilhões de dólares. Apesar da indústria solar como um todo se manter pequena – menos de 1% da eletricidade nos Estados Unidos –, o mercado começa a explodir, com uma média de crescimento de 42% anualmente desde 2002. Líderes industriais, a maioria sediada no Japão e Alemanha, estão aumentando a produção, assim como fábricas manufatureiras chinesas, como a Suntech, cujo o fundador e CEO, Zhengrong Shi, é um dos homens mais ricos do país.
Os maiores mercados hoje para os painéis fotovoltaicos são Alemanha e Japão, que atendem mais de 50% da demanda global em cada nação. Isto não porque sempre faz sol em Dusseldorf, mas sim porque políticas públicas exigem que os utilitários paguem preços acima do mercado para gerar energia solar.
Grandes companhias, incluindo BP, General Electric, Mitsubishi, Sanyo, Sharp e Shell, todas querem crescer nos negócios solares. No Vale do Silício, investidores como John Doerr e Vind Khosla, empresários como Bill Gross e os fundadores da Google, Larry Page e Sergey Brin dão sinais de que irão revolucionar a indústria.
De acordo com o presidente do grupo de energia da Credit Suisse, John Cavalier, o valor de mercado dos negócios de empresas de todo o mundo divulgados valia um bilhão de dólares em 2004. Agora, já paira na casa dos 71 bilhões de dólares. Se os Estados Unidos estabelecessem uma legislação para conter o aquecimento global e os aumentassem os custos para fazer eletricidade a partir do carvão, gás natural e petróleo, a energia solar ganharia o mercado. “A oportunidade para empresas solares é tremenda”, diz Cavalier.
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Jornal do Meio Ambiente / Carbono Brasil / Fortune Magazine, 05/10/2007)
Traduzido por Paula Scheidt, CarbonoBrasil