Mais da metade do feijão que entra na casa do brasileiro sai, atualmente, da agricultura familiar. No caso do arroz, mais de um terço, e, da mandioca, 90%. Essas são algumas indicações que demonstram a importância do setor na economia brasileira. “É absolutamente significativa a contribuição da agricultura familiar, porque hoje ninguém que tenha a mínima informação sobre agricultura no país pode desconsiderar a alta importância e a contribuição da agricultura familiar para o PIB [Produto Interno Bruto] e, sobretudo, para a alimentação do brasileiro", comenta o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi.
A Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que terminou no domingo (07/10), no pavilhão do Parque da Cidade de Brasília, é uma demonstração do quanto o setor, que responde por 10% de todas as riquezas produzidas no país (PIB), cresceu nos últimos anos. Com 480 estandes e mais de 10 mil produtos expostos, a feira mostrou desde os tradicionais produtos da roça até o complexo processo de fabricação do chocolate. A feira também mostra como o pequeno agricultor também tem evoluído no acabamento dos produtos das embalagens na boa aparência da sua marca.
"Saímos de uma concepção de agricultura de subsistência, quando o agricultor tinha dificuldade de sustentar a si próprio e sua própria família, para uma agricultura familiar produtiva, que produz os excedentes e hoje é responsável por cerca de 60% de todo alimento consumido nas mesas do brasileiros", diz. Rossi também salienta que o setor hoje também já é auto-sustentável. "Existe uma dinâmica que a própria a família gera, dando um nível de comercialização diferenciado que não tinha no passado."
O presidente da Conab conta que o setor já entrou para uma segunda etapa no seu processo de amadurecimento, buscando não apenas plantar, mas também agregar valores, como a instalação da agroindústria. "É um outro passo nessa transformação. Não é mais uma agricultura que produz muito, mas é uma agricultura que está voltada para melhorar o seu desempenho produtivo, agregando valor aos seus produtos, através de pequenas plantas agroindustriais".
Entre outros fatores que contribuíram para este desempenho, Rossi aponta o repasse de recursos, através de programas do governo. Só o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) vai disponibilizar, para a safra 2007/2008, R$ 12 bilhões. O governo reduziu as taxas de juros que antes variavam de 1% a 7,25% ao ano, para taxas de 0,5% a 5,5% anuais. O Pronaf disponibiliza até R$ 10 mil para pequenos produtores.
(Por Edla Lula, Agência Brasil, 06/10/2007)