Impacto global de integração de infra-estrutura teria sido mal-avaliado Um grupo preservacionista alertou, no início desta semana, que a Amazônia corre risco de sofrer danos sem precedentes em decorrência de um ambicioso projeto para melhorar a infra-estrutura de transportes, comunicações e energia na região. Os projetos de desenvolvimento foram elaborados para fomentar elos comerciais entre dez pólos econômicos no continente, mas ameaçam trazer ampla destruição para a maior floresta tropical do mundo, segundo a ONG Conservação Internacional (CI).
Planos para melhorar o transporte rodoviário e fluvial combinados à construção de barragens e à instalação de um extenso cabeamento para transmissão de energia elétrica e para comunicações abrirão trechos antes inacessíveis da floresta tropical, elevando risco de um desmatamento generalizado. Em último caso, pode levar à perda de toda a floresta amazônica em 40 anos, afirma a entidade.
Tim Killeen, um cientista que trabalha para a CI, analisou os projetos da Iniciativa para Integração da Infra-Estrutura Regional da América do Sul, financiados por vários governos. Ele concluiu que o impacto isolado de cada obra sobre o ambiente foi bem avaliado, mas o do conjunto das obras não foi devidamente considerado. Parte das melhorias planejadas envolverá rodovias dos Andes, atravessando o Rio Amazonas e o cerrado, ligando o Pacífico ao Atlântico.
“A falha em prever o impacto total dos investimentos, particularmente no contexto de mudança climática e mercados globais, produzirá uma combinação de forças que poderá levar a uma tempestade perfeita de destruição ambiental”, denuncia Killeen.
CONSELHOSPor isso, a CI conclama os governos que estão respaldando o projeto a assumir mais responsabilidade pelo impacto ecológico das obras.
Se os países amazônicos concordassem em reduzir o desmatamento em 5% ao ano durante três décadas, a floresta salva iria, potencialmente, qualificar-se como forma de redução das emissões de gases de efeito estufa e gerar mais de R$ 11 bilhões ao ano, calcula Killeen.
Já a plantação de cana-de-açúcar para geração de biocombustível poderia ser feita nos 65 milhões de hectares de terra que já foram desmatados na região, afirma.
(Por Ian Sample,
The Guardian, 05/10/2007)