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cerrado
2007-10-05
Qualquer um curioso em saber como o Brasil se tornou o que o ex-secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, chama de "superpotência agrícola" - rumando a passar os EUA como líder mundial de exportador de gêneros alimentícios - começará bem nessa movimentada rede de laboratórios governamentais.

Os laboratórios e campos experimentais são operados pela Embrapa, a agência de pesquisa agrícola do Brasil, se tornou parada obrigatória para qualquer líder do terceiro mundo em visita ao país. Apesar de pouco conhecida na América do Norte, em três décadas a Embrapa se tornou líder mundial em pesquisa de agricultura tropical e está entrando agressivamente em áreas como biotecnologia e bioenergia.

"A Embrapa é um modelo, não só para o chamado mundo em desenvolvimento, mas para todos os países", disse Mark Cackler, diretor do Departamento de Desenvolvimento Rural e Agrícola do Banco Mundial. "Uma razão importante pela qual o Brasil está indo tão bem com sua economia agrícola é que ele investiu pesado e de maneira inteligente em pesquisas agrícolas de primeira linha e a Embrapa está na vanguarda desse empenho".

A Embrapa deve muito de sua reputação ao seu trabalho pioneiro aqui no cerrado, a extensa savana brasileira que ocupa mais de 1.600 quilômetros pelo centro do Brasil. Descrita como inútil durante séculos, em menos de uma geração a região foi transformada no cinturão dos grãos brasileiro, graças à descoberta de solos que pode se tornar férteis espalhando sobre eles fósforo e cal, cuja mistura de eficiência foi estabelecida pelos cientistas da Embrapa.

Quando o Prêmio Anual de Alimentos foi entregue ano passado para dois brasileiros afiliados à Embrapa, o discurso chamou o florescimento do cerrado como "uma das maiores conquistas da ciência agrícola do século 20".

A Embrapa também patrocinou a colheita principal da região ao desenvolver mais de 40 variedades de grãos de soja tropicais, que se acreditava serem somente de zonas temperadas. : "Quando estava trabalhando na Índia, no Paquistão e em alguns países do Oriente nos anos 60 e 70, ninguém pensou que esses solos seriam produtivos", disse Norman Borlaug, um agrônomo americano que ganhou o Prêmio Nobel por um trabalho que rendeu a ele o título de "pai da revolução verde", disse em uma entrevista pelo telefone de Iowa.

"Mas a Embrapa conseguiu fazer isso". Como resultado, o Brasil é hoje o maior exportador de soja, carne bovina e o algodão aumenta cada vez mais, disso, três quartos são produzidos aqui no cerrado. Encorajados por esse sucesso, cientistas do Embrapa voltaram sua atenção para o trigo. O Brasil hoje importa grande parte de seu trigo de países próximos com climas temperados.

O laboratório da Embrapa em Manaus, no coração da Amazônia, também estuda maneiras de tornar a separação de carbono mais eficiente. Cientistas estão examinando o que são conhecidos como "os solos de terra escura da Amazônia", pequenas e férteis ilhas construídas por tribos indígenas do período pré-colombiano e que têm altas concentrações de fósforo.

"Não sabemos por que isso acontece, mas estamos tentando entender e reproduzir esse fenômeno para que possamos nos beneficiar dele", disse Wenceslau Teixeira, cientista de solos encarregado do assunto. "Essas ilhas têm níveis estáveis de carbono, que ajudam a reter nutrientes, é útil e difícil de achar em solos tropicais".

E apesar do programa de etanol baseado em cana estar focado em outro lugar, a Embrapa tem uma divisão de agro-energia que está se concentrando em maneiras de produzir diesel. Os cientistas da agência identificaram cerca de 30 plantas que podem ser usadas em tais programas, além do óleo de palmeira. "A composição do óleo de palmeira é uma das melhores para a produção de biocombustíveis", disse Maria do Rosário Lobato Rodrigues, diretora do laboratório de Manaus, onde a pesquisa é feita. "Ele tem uma alta capacidade de fixar carbono, não precisa do uso de produtos químicos para a produção, e não há desperdício da planta".

Sob a recentemente ampliada definição de agricultura da Embrapa, nada parece fora dos limites, desde um porco tropical que tenha menos gordura e colesterol e maior produção de lombo e presunto até a extração de biopolímeros de aranhas. Na sala de jantar executiva da Embrapa em Brasília, existem até tapetes feitos com variedades de fibras naturais de algodão, que, como são produzidas em tons de verde e canela, podem cortar os custos de tingimento para a indústria têxtil.

"Ser empresário é novo para nós, mas precisamos transformar nosso conhecimento em riquezas", disse Silvio Crestana, diretor-geral da Embrapa e especialista em física do solo, em uma entrevista em Brasília. Além dos royalties, ele disse, a agência também quer atrair capital de risco. Inicialmente, a maioria dos acordos era com empresas brasileiras. Mas a Embrapa e a Basf, a produtora química alemã, recentemente anunciaram uma parceria para desenvolver e comercializar uma soja geneticamente modificada resistente a herbicidas que estará no mercado até 2012.

Com o apoio de empréstimos internacionais e corpos de desenvolvimento como o Banco Mundial, a Embrapa também tenta aumentar o seu perfil no exterior. Apesar de ter programas de intercâmbio há anos que trouxeram cientistas da América Latina, África e Ásia para trabalharem em seus laboratórios, a Embrapa abriu recentemente seu escritório em Gana, sede do Fórum para Pesquisa Agrícola na África. "Essa é uma ação boa e potencialmente importante porque existem muitos lugares na África, como Zâmbia, que tem savanas com solo e condições de chuva similares as do cerrado brasileiro", disse Borlaug.

"Acredito que soja e milho, juntos com produção de carne bovina e condições melhoradas de pasto, são todas as coisas que poderemos levar do Brasil". Como a produtora de aviões brasileira, Embraer, que encontrou um nicho lucrativo em jatos particulares, a Embrapa parece tender a focar em comercializar o conhecimento que desenvolveu em colheitas e produtos que muitas vezes são ignorados por instituições de pesquisa em países industrializados no Hemisfério Norte.

"O Brasil tem uma vantagem comparativa com sua própria experiência que é muito relevante em um contexto tropical", disse Cackler. "Para dar um exemplo, quantas universidades americanas se dedicarão à mandioca? Não é uma prioridade para elas. Mas milhões de pessoas dependem todo dia da mandioca, então nós do Banco Mundial ficamos felizes que o Brasil esteja disposto a desenvolver e transferir essa tecnologia".

(Envolverde/Carbono Brasil, 04/10/2007)


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