Um excesso de dosagem na aplicação de cloro na água distribuída pelo Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) de São Leopoldo teria causado, desde o início da semana até ontem, vários transtornos aos moradores do bairro Independência. Segundo eles, um forte cheiro de cloro foi percebido na água distribuída para a localidade, e os moradores sofreram com os efeitos do contato com a substância. Segundo o serviço de atendimento ao consumidor do Semae, várias reclamações de pessoas que passaram mal e apresentaram queimaduras foram registradas. Ainda assim, o excesso não teria sido suficiente para provocar estes efeitos, segundo a ouvidoria do serviço.
O comerciante Heitor Inácio Auth afirma que, por conta do problema, a filha Denise Auth, de 15 anos, não pôde ir à escola ontem. A menina apresentava dores de barriga e passou mal durante a noite. Além disso, o filho do comerciante, Júlio César Auth, de 18 anos, também reclamou do problema: “Quando tomávamos banho, ardia a pele e as narinas.” Heitor Inácio Auth afirma ainda que, durante o dia, apresentou ardência nos olhos. Segundo o comerciante, a situação foi mais crítica durante a segunda-feira. “Foi horrível”, define Auth.
Para a dona de casa Renata Cella, o problema resultou em danos a um lençol lavado na última terça. A peça apresentou manchas, como se tivesse sido lavada com alvejante. “A primeira coisa que eu fiz foi ligar para o Semae, para saber o que estava acontecendo. Disseram que quatro canos tinham estourado, e misturou o cloro e a água.” Técnicos do Semae chegaram a visitar a casa de Renata, mas teriam afirmado que o nível de cloro estava dentro do padrão.
A reportagem do Jornal VS ligou, na tarde de ontem, para o serviço de atendimento do Semae. A servidora que atendeu à reportagem confirmou que o problema teria sido causado por um “excesso de dosagem de cloro”. Perguntada sobre que medidas o consumidor deveria tomar, a servidora sugeriu que fosse procurado um posto de saúde em caso de efeitos colaterais, e completou: “o problema é grave”. Segundo a funcionária do Semae, a situação era especialmente complicada nos bairros Independência, Feitoria e Cohab-Duque. No entanto, o diretor do Semae, Luiz Castro, negou que houvesse algum problema.
De acordo com a gerente de operações do Semae, Juliana Chaves, o excesso de cloro detectado foi de 1,5 miligramas por litro de água, quando o valor utilizado pelo serviço é de 1,0 miligrama por litro. Ainda assim, a gerente sustenta que a legislação permite até 5,0 miligramas por litro, o que também não seria suficiente para provocar danos à saúde. O problema teria sido provocado durante uma manobra nos registros de água e cloro do Semae, às 19h15 de segunda, e teria sido resolvido às 22 horas. O registro de cloro estava, segundo Juliana, danificado.
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Jornal VS, 04/10/2007)